Economia

Dólar engata quarta alta seguida e vai a R$ 3,8953 com saída de estrangeiro

A moeda norte-americana perdeu força perante boa parte das moedas de emergentes, como México, Rússia e Turquia

Agência Estado
postado em 07/12/2018 19:56

A moeda norte-americana perdeu força perante boa parte das moedas de emergentes, como México, Rússia e Turquia

O dólar teve uma sexta-feira (7/12) volátil e terminou o dia em alta de 0,38%, a R$ 3,8953. Foi a quarta sessão consecutiva de valorização, em meio ao aumento da aversão ao risco no exterior. A moeda americana começou o dia em alta e chegou a máxima de R$ 3,9248 logo pela manhã, mas passou a cair após a divulgação do relatório mensal de emprego dos Estados Unidos, que mostrou números mais fracos que o esperado, sugerindo que o gradualismo vai continuar no processo de alta dos juros na maior economia do mundo. Com isso, o dólar perdeu força perante boa parte das moedas de emergentes, como México, Rússia e Turquia. A queda no mercado doméstico, porém, durou pouco e o dólar passou a alternar altas e baixas ao longo dia, que também teve a reunião da Organização de Países Exportadores de Petróleo (Opep), com anúncio da redução do produção do petróleo.

Na semana, o dólar à vista acumulou alta de 0,95% e marcou a terceira semana consecutiva de perdas. Apenas nos últimos 30 dias, a moeda subiu 4,17%, o segundo pior desempenho entre emergentes no mesmo período, atrás apenas do peso da Argentina, mercado onde a moeda americana subiu 4,92%.

Operadores relatam que o fluxo de saída de estrangeiros continuou nesta sexta-feira, pressionando o mercado à vista de dólar. Mesmo sem a entrada do Banco Central no mercado, o dólar não tem conseguido romper de forma consistente o patamar de R$ 3,92. Segundo um operador, quando a moeda chega neste nível, sempre atrai vendedores. A última vez que a moeda fechou acima desse patamar foi em 1 de outubro, ou seja, antes das eleições.

No final do ano aumenta a necessidade de dólar pelos agentes, ressalta o gestor de investimentos da Western Asset Management Company, Adauto Lima, o que pressiona o câmbio. Além disso, o cenário externo mais conturbado, com queda das commodities, sobretudo o petróleo, e a piora das perspectivas para a economia mundial oferecem pressão adicional nas moedas de emergentes.

No mercado doméstico, as notícias do futuro governo de Jair Bolsonaro (PSL) não estão influenciando os preços no câmbio, mas seguem sendo monitoradas pelas mesas de operação. Entre elas, o relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), que mostra movimentações financeiras suspeitas de um ex-motorista do senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ).

Sem perspectiva que o investidor estrangeiro volte a trazer recursos para o Brasil ainda neste ano, o Bradesco elevou a previsão para o dólar no encerramento de 2018, de R$ 3,70 para R$ 3,80. No próximo ano, o banco manteve a previsão em R$ 3,70. O andamento do ajuste fiscal no governo de Jair Bolsonaro (PSL) deve ajudar a retirar a pressão no câmbio, ressalta relatório do banco, que tem como economista-chefe Fernando Honorato Barbosa. "Caso a agenda seja realmente positiva, não é possível descartar uma apreciação adicional da moeda."

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