A paralisação prometida por caminhoneiros para esta segunda-feira (10/12) nem de longe lembra o caos promovido pela categoria em maio passado com desabastecimento de vários produtos país afora. O ato é um protesto contra a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, de suspender a aplicação de multas pelo descumprimento da tabela dos preços mínimos de frete.
No último sábado, o futuro ministro da Cidadania, Osmar Terra, enviou um áudio ao movimento listando razões pelas quais eles não deveriam levar adiante uma paralisação. Ele foi relator, na Câmara, da lei que estabeleceu a política dos preços mínimos de frete. O futuro ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, manifestou apoio ao piso mínimo.
São Paulo
Entre meia-noite e 8h, cerca de 20 motoristas de caminhão se concentraram na rotatória da Av. Augusto Barata, a chamada reta da Alemoa, entrada do Porto de Santos (SP). A PM e a Guarda Portuária foram ao local, mantiveram a regularidade do trânsito e não chegou a haver transtorno no fluxo de caminhões.
Pouco depois das 8h, os motoristas se retiraram da área e o fluxo permaneceu normal. "Não houve prejuízos ao trânsito, foi uma manifestação pacífica, e sem bloqueio", informa a assessoria da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp).
Minas Gerais
Em Minas, o único registro verificado pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) nas estradas que cortam o estado, a maior malha rodoviária do país, se concentra na BR-116, km 804, em Além Paraíba, na Zona da Mata.
De acordo coma PRF, oito manifestantes provocaram a retenção dos veículos de carga estacionados no pátio do Posto Faisão, que reivindicam contra a liminar concedida às empresas Não há interdição de pistas.
Rio de Janeiro
Caminhoneiros que atuam na região de Barra Mansa (RJ) fazem manifestação no quilômetro 275 da Via Dutra O movimento é, até o momento, pontual. A maioria das lideranças ainda aguarda desdobramentos de medidas em discussão em Brasília. O movimento está dividido. Há grande insatisfação na base e líderes tentam conter uma radicalização.
"A toda ação, corresponde uma reação", disse ao jornal O Estado de S. Paulo o delegado do Sindicato dos Transportadores Autônomos de Carga (Sinditac) do Rio de Janeiro, Nelson de Carvalho Júnior. Ele disse que, após a decisão de Fux, as empresas da região de Barra Mansa reduziram os valores pagos aos caminhoneiros, já que as multas pelo descumprimento da tabela estão suspensas.
A manifestação segue pacífica, segundo relatou o sindicalista. Segundo informou, não há bloqueio na pista. Os caminhoneiros são orientados a parar seus veículos em postos de combustíveis.
Segundo Júnior, houve incidentes com agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) mais cedo. Eles teriam usado arma de choque para conter um manifestante e impedido um colega de registrar a ação em vídeo. Os agentes - e não os manifestantes - teriam bloqueado temporariamente a pista, segundo relatou.
O jornal O Estado de S. Paulo questionou a PRF e aguarda posicionamento.
Júnior informou que está vindo para Brasília para, junto com outros líderes do movimento, fazer novas reuniões com autoridades do governo. Eles pretendem ir novamente à Advocacia-Geral da União (AGU), que está buscando formas de se contrapor à decisão de Fux.
Divisão
A divisão dos caminhoneiros em relação a uma nova greve enfraqueceu o movimento, pautado pela decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux. Na semana passada, ele suspendeu a aplicação de multas para quem descumprir a tabela de preço mínimo de frete.
As punições ficam suspensas até que o STF decida sobre a constitucionalidade do tabelamento, que os caminhoneiros preferem chamar de "piso mínimo".
CNT contra greve
A Confederação Nacional do Transporte (CNT) divulgou nota na qual se posiciona contra a greve de caminhoneiros e reafirma seu compromisso a favor do livre mercado. Na nota, informa ainda que nada tem a ver com o Comando Nacional do Transporte, que estaria utilizando a mesma sigla da entidade.
Com informações da Agência Estado e do Estado de Minas