Agência Estado
postado em 11/12/2018 19:29
Conversas entre autoridades americanas e chinesas apoiaram a avaliação de arrefecimento nas tensões comerciais sino-americanas, o que apoiou parcialmente os mercados acionários de Nova York. O movimento, no entanto, foi contido pela volatilidade gerada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que voltou a ameaçar paralisar a máquina pública federal caso o financiamento à construção de um muro na fronteira com o México não conste no projeto de Orçamento para o atual ano fiscal, que teve início em outubro.
O tom volátil fez com que o índice Dow Jones encerrasse o pregão em queda de 0,22%, cotado a 24.370,24 pontos, enquanto o S 500 recuou 0,04%, para 2.636,78 pontos, e o Nasdaq avançou 0,16%, para 7.031,83 pontos.
As bolsas nova-iorquinas foram ajudadas, logo no início do dia, pelo telefonema trocado entre o vice-primeiro-ministro chinês, Liu He, com o secretário do Tesouro americano, Steven Mnuchin, e o representante comercial dos EUA, Robert Lighthizer. De acordo com fontes ouvidas pelo Wall Street Journal, Liu He disse que Pequim pretende reduzir a tarifa de importação de automóveis americanos de 40% para 15%, o que fez com que ações de montadoras apresentassem ganhos nesta sessão. O papel da Ford subiu 0,23%, o da General Motors avançou 0,78% e o da Fiat Chrysler teve alta de 0,65%.
"As tarifas mais baixas certamente ajudarão as fabricantes de automóveis americanas depois de meses de incerteza em torno da China", comentou o analista Akshay Anand, do Kelley Blue Book, ao Barron's Blog. "No entanto, a redução das tarifas também ajudaria os fabricantes chineses que desejam expandir seus negócios nos EUA, bem como montadoras alemãs, como Mercedes e BMW", afirmou. O otimismo com o diálogo inicial entre EUA e China, contudo, perdeu força ao longo da sessão, depois que o Washington Post informou que o governo Trump irá condenar a China por espionagem econômica e ação de hackers suspeitos de trabalhar para o serviço de inteligência chinesa. No setor industrial, a ação da Boeing caiu 1,32% e a da 3M perdeu 0,43%.
Ameaças de Trump de paralisar o governo se somaram às incertezas nos mercados. Em uma reunião com o líder democrata no Senado, Chuck Schumer (Nova York), e com a líder democrata na Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi (Califórnia), o republicano afirmou que pretende paralisar o governo caso um projeto que contenha financiamento à construção de um muro na fronteira com o México não seja aprovado no Congresso americano.
As perdas dos dois índices da Bolsa de Nova York (Nyse), contudo, foram contidas. "Como o S 500 caiu mais de 6% em apenas dois dias na semana passada, vimos aumento de volume, amplitude extremamente negativa e isso, mais que finalmente, deu a sensação de 'vender o que você pode' ao mercado. É importante lembrar, também, que tudo não passa de um processo, e, para nós, ver esses sinais de medo é uma flecha na aljava dos touros", observou o estrategista-chefe de investimentos da LPL Financial, John Lynch. Para ele, agora, o S 500 voltará a ter como ponto de resistência os 2.640 pontos.