Economia

Uber e Lyft apostam na corrida da oferta inicial de ações

Pioneira no mercado de aplicativo de transporte, startup segue os trâmites para abrir capital ao mesmo tempo que a principal concorrente. Estreia na bolsa deve ocorrer em breve

Paula Pacheco/Estado de Minas
postado em 12/12/2018 06:00
Um dos muitos protestos contra o Uber em Belo Horizonte: pressão dos taxistas e também de outros aplicativos
São Paulo ; A Uber Technologies está se preparando para fazer seu IPO (oferta inicial de ações, na sigla em inglês). Os documentos para ter autorização da Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos, a SEC, já foram apresentados na semana passada. Com isso, a expectativa é de que a estreia na bolsa aconteça em breve.

Quem está seguindo nessa mesma direção é a Lyft, uma concorrente de menor porte no segmento de aplicativo de transporte, mas que vem incomodando a pioneira no mercado americano. Analistas acreditam que ela poderá ser avaliada entre US$ 20 bilhões e US$ 30 bilhões. Já a Uber Technologies pode chegar a US$ 120 bilhões. Se o IPO ocorrer ao mesmo tempo, ambas podem ser penalizadas pelos investidores, que vão diluir seus recursos entre as duas startups.

Estrategista-chefe da corretora Avenue Securities, William Castro Alves explica que, para o investidor, a coincidência de calendário deve ser positiva. ;Será possível comparar as eficiências e ineficiências das duas empresas e avaliar qual tem um valuation (avaliação) maior;, diz.

A Uber foi fundada em 2010 e, como pioneira no segmento de aplicativos de transporte, logo se tornou um fenômeno. Graças a esse crescimento rápido, também entrou em uma série de polêmicas. Passados oito anos do início da operação, a companhia ainda enfrenta dificuldades em muitos países por conta da falta de regulamentação para esse tipo de serviço.

Pioneira no mercado de aplicativo de transporte, startup segue os trâmites para abrir capital ao mesmo tempo que a principal concorrente. Estreia na bolsa deve ocorrer em breve Transportes já regulamentados, como o táxi, foram os mais afetados pela política agressiva de preços do concorrente americano. Por conta disso, foram muitos os protestos em vários países, como Inglaterra, Estados Unidos e Brasil.

Alves explica que problemas como o da Uber Technologies e a falta de regulamentação no serviço de aplicativo de transporte ocorrem em outros modelos mais recentes de negócios, como o Facebook. Ainda segundo o estrategista-chefe da Avenue Securities, além dessa dificuldade com a falta de regras, a empresa enfrentou outras dificuldades, como o acidente fatal com um de seus veículos autônomos, a acusação de uso de um software para espionar o Lyft e denúncias de sexismo.

Há quem acredita que a Uber Technologies perdeu o timing para fazer a abertura de capital. Alves concorda com essa avaliação. Com o passar do tempo, a empresa, que era pioneira, abriu espaço para outros competidores.

;Empresas como essa não podem ficar esperando por um marco regulatório em seus segmentos. Elas têm de ajudar a construir essa regulação. Esse é um IPO que nasce atrasado;, afirma.

Alves cita como exemplo a venda de 2% de seu capital para o banco japonês SoftBank, há cerca de um ano, que teria sido por um valor abaixo do que a startup conseguiu em outras rodadas de captação de recursos. Agora, é esperar para ver qual dos aplicativos vai seduzir os investidores.

Brasília

A Uber começou a operar no Brasil em 2014, durante a Copa do Mundo, primeiro no Rio de Janeiro. No início, para tornar a novidade popular, tinha como um de seus cartões de visita os pequenos mimos oferecidos nos carros dos motoristas, como balas e água. Com o tempo, o número de prestadores de serviço cresceu tanto que, para compensar a queda no número de corridas, muitos decidiram cortar os agrados. Os modelos dos veículos, que eram a partir de uma faixa intermediária, passaram a ser dominados pelos populares.

Além das pressões feitas pelos profissionais do setor de táxi, incomodados com a competição, a Uber também teve de enfrentar a concorrência dos outros aplicativos de transporte, como 99, Easy e Cabify. A empresa passou a inovar com alguns serviços, como o compartilhamento de carros, e se mantendo agressiva nas promoções com cupons de desconto.

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