Economia

CNI estima crescimento de 3% da indústria em 2019; PIB será de 2,7%

A CNI acredita que o cenário econômico de 2019 será mais favorável, possibilitando o aumento do consumo das famílias

Hamilton Ferrari
postado em 12/12/2018 11:37
O presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, afirmou que tem uma 'expectativa muito forte' de que o governo do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), vai conseguir fazer a reforma da Previdência
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou o balanço anual do setor em 2018. De acordo com a entidade, a economia frustrou neste ano, levando a indústria a crescer apenas 1,3% ; bem abaixo dos 3% estimados em janeiro. Para 2019, a CNI estima que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil expandirá 2,7%, impulsionada por avanço de 3% do setor e 6,5% dos investimentos.

Os dados foram divulgados na manhã desta quarta-feira (12/12) durante coletiva de imprensa. A CNI acredita que o cenário econômico de 2019 será mais favorável, possibilitando o aumento do consumo das famílias em 2,9%. A concretização dos números, porém, só será possível com a aprovação de uma reforma tributária e a adoção de medidas que melhoram o ambiente de negócios. No cenário mais benigno, o PIB do país pode expandir 3% ou mais, na interpretação da entidade.

O presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, afirmou que tem uma ;expectativa muito forte; de que o governo do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), vai conseguir fazer a reforma da Previdência. ;A principal reforma é a da Previdência. Essa é fundamental. Já existe na própria sociedade uma consciência de que ela precisa ser feita. É importantíssima para que o Brasil possa avançar;, disse. ;As outras (reformas) vão tem que caminhar em paralelo;, completou.

Na interpretação de Andrade, caso o Brasil não consiga aprovar a reforma da Previdência, o próximo governo vai ter que mostram como vai reduzir o deficit público. ;A previdência reduz a médio e longo prazo, mas é uma sinalização grande para o mercado de investidores. Agora, o governo vai ter que buscar outros recursos: reduzir outras despesas, gastos não essenciais e procurar receita sem aumentar impostos. Vai ter que melhor a economia para crescer, criar emprego;, ressaltou.

Perspectivas

A projeção da CNI aponta que a taxa de desemprego cairá para 11,4% e a inflação ficará em 4,1% em 2019, ou seja, abaixo do centro da meta estipulado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que é de 4,25%.

Mesmo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) controlado, a taxa de juros terá que subir para ajustar a política monetária. A CNI avalia que a Selic terminará 2019 em 7,5% ao ano. A balança comercial, por sua vez, fechará 2019 com saldo positivo de US$ 45 bilhões.

Flávio Castelo Branco, gerente executivo de Política Econômica da CNI, explicou que o país precisa aumentar a taxa de crescimento da produtividade de forma permanente e sustentável. Para isso, ele avalia que são necessárias aprovação de reformas importantes, como da Previdência e a tributária, além da adoção de medidas microeconômicas para diminuir os entraves burocráticos.

De acordo com ele, apesar de atenuantes internacionais, os principais desafios continuam dentro do país. ;Os riscos maiores (para 2019) continuam sendo os nossos próximos passos;, declarou. ;O governo Bolsonaro enseja maior otimismo quando vemos indicadores de confiança, mostrando que há uma expectativa muito grande que esse conjunto de mudanças estruturais comecem a se manifestar e se materializar num ciclo virtuoso que levem o crescimento de taxas expressivas;, afirmou.

Sobre o cenário externo, Castelo Branco avalia que os maiores riscos são relacionados à guerra comercial, envolvendo a China e os Estados Unidos (EUA). ;Cria dificuldade, incertezas e isso prejudica mais do que ajuda;, afirmou. ;Mas de todo modo, os riscos externos são moderados, porque o Brasil tem um certo colchão com as contas externas, por conta das reservas internacionais. Por isso não é tão sensível;, acrescentou.

Confira os números apresentados:

PIB Nacional: -3,5% (2016); 1% (2017); 1,3% (2018)*; 2,7% (2019)*

PIB Industrial: -4,6% (2016); -0,5 (2017); 1,3% (2018)*; 3% (2019)*

Consumo das famílias: -3,9% (2016); 1,4% (2017); 2,1% (2018)*; 2,9% (2019)*

Taxa de desemprego: 11,5% (2016); 12,7% (2017); 12,2% (2018)*; 11,4% (2019)*

Investimentos (Formação bruta de capital fixo): -12,1% (2016); -2,5% (2017); 5,1% (2018)*; 6,5%)*;

Negociações


A confederação apresentou à equipe técnica de transição, chefiada pelo futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, um documento com 36 sugestões de medidas para serem implementadas nos 100 primeiros dias de governo. Para a área de infraestrutura, serão nove ações, desde o enfrentamento de obras paradas, fortalecimento das agências reguladoras e aumento de competitividade.

Há também medidas para o ambiente macroeconômico, segurança jurídica, tributação, financiamento, recursos naturais, relações do trabalho, política industrial, educação e segurança pública.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação