Na última reunião do ano, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu manter, pela sexta vez consecutiva, a taxa básica de juros da economia (Selic) em 6,5% ao ano. A última alteração foi em março, quando a autoridade monetária reduziu os juros de 6,75% para 6,50%. É o menor patamar histórico dos juros desde que o colegiado foi criado, em 1996. A decisão já era esperada pelo mercado.
Em nota divulgada após a reunião, o Copom destacou que indicadores de atividade econômica sugerem ;a recuperação lenta e gradual da economia brasileira;. O documento, porém, alerta para os desafios do cenário exterior, em um momento de ;aversão ao risco; que tem impacto nas economias emergentes. O órgão também cita o aumento do juros em países desenvolvidos e os temores em torno do comércio global. Por fim, reforça a necessidade de aprovação de reformas e ajustes domésticos, visando à manutenção da inflação e dos juros em níveis baixos e a retomada da economia.
Para Júlio César Barros, economista da Mongeral Aegon Investimentos, o BC mostrou tranquilidade em relação ao comportamento dos preços. ;Um ponto interessante é que os núcleos da inflação (medida que exclui fatores sazonais do índice) estão em níveis confortáveis. Além disso, com a inflação próxima à meta, câmbio e juros permanecem controlados. O comunicado também deu peso à necessidade de reformas, e chama atenção para o cenário externo. No geral, foi uma ata coesa, com muito sentido, além de prezar pela cautela;, explicou.
Piloto automático
Já na visão do economista César Bergo, uma redução, em 0,25 ponto percentual da Selic seria uma medida ;razoável;. ;O Copom poderia ter ousado um pouco e baixado os juros, dado que, em novembro, tivemos deflação e a situação letárgica da economia doméstica. O ideal seria gerar algum efeito para a atividade econômica. No entanto, eles estão em piloto automático;, disse.Segundo Barros, as expectativas em torno da nova equipe do BC, que será chefiada pelo economista Roberto Campos Neto, estão atreladas ao trabalho feito por Ilan Goldfajn, atual presidente da autoridade monetária. ;Espera-se que ela continue na linha do que o BC vem fazendo. Há o entendimento de que será um trabalho muito responsável, com uma comunicação transparente, reforçando a importâncias da reformas, além da atuação sobre a Selic. O que todo mundo espera são juros baixos. Em suma, a visão é de otimismo;, analisou.
* Estagiário sob supervisão de Odail Figueiredo