Agência Estado
postado em 13/12/2018 17:11
A Ford estima que a venda de veículos novos no Brasil deve crescer de 10% a 12% em 2019, desacelerando, portanto, em relação ao ritmo de 2018, que até novembro acumula expansão de 15%. Se a expectativa se confirmar, o ano que vem deve terminar com um mercado de 2,83 milhões a 2,9 milhões de unidades.
Para a Argentina, no entanto, a projeção é de aprofundamento da queda, em razão da crise econômica que vive o país. As vendas para o consumidor argentino, que até novembro de 2018 acumulam recuo de 9%, devem cair de 20% a 25% no ano que vem, estima a montadora. Com isso, o mercado argentino passaria a ter um tamanho de 590 mil a 640 mil unidades.
Segundo o vice-presidente da Ford para a América do Sul, Rogelio Golfarb, o crescimento esperado para o Brasil em 2019 será puxado mais uma vez pelas vendas para clientes corporativos, como locadoras, produtores rurais e frotistas em geral. Para o consumidor comum, a recuperação será mais lenta. "Não estou vendo uma melhora nos juros para pessoa física em um horizonte de 12 meses", justificou o executivo, em evento de fim de ano da montadora.
Golfarb ressaltou que as vendas para clientes corporativos representaram dois terços do crescimento registrado pelo mercado em 2018. Isso ocorreu porque as fábricas ainda estão com alta ociosidade, o que forçou uma redução no preço para estimular a produção e liberar estoque.
Além disso, os clientes corporativos têm mais condições que um consumidor comum de financiar a compra do carro. A redução da Selic, lamentou, não foi acompanhada por uma queda no mesmo ritmo dos juros para o setor automotivo. Enquanto a taxa básica caiu 54% entre 2016 e 2018, os juros para consumidores de veículos recuaram 14%. "A transmissão da queda da Selic foi muito pequena. E não há projeção de queda para a Selic no ano que vem", disse.
Em relação ao governo eleito, o executivo da Ford afirmou que ainda é cedo para fazer uma avaliação detalhada. No entanto, disse que espera maior clareza sobre como vai ser a política de comércio exterior. "A abertura é saudável, mas é preciso saber como será feita. Além disso, com o governo americano mais protecionista e o Brexit, o mundo parece estar em revisão da sua ordem. É preciso saber como o Brasil vai se encaixar nisso", afirmou.