Em um cenário externo marcado pela aversão a risco, os mercados emergentes acabaram penalizados nesta sexta-feira (14/12). Aqui, o dólar ultrapassou novamente a casa dos R$ 3,90 e fechou o dia em alta de 0,58%, cotado a R$ 3,9066. Operadores ouvidos pelo Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, acreditam que, com a queda nos preços do barril de petróleo e fluxo sazonal negativo no mês de dezembro, o câmbio deve permanecer em torno desse patamar até o fim do ano, pressionado por um dólar mais forte no exterior. Na semana, marcada por instabilidade, a divisa avançou 0,29% sobre o real.
Os cinco dias que se encerraram nesta sexta foram ditados pelo ritmo externo, que teve noticiário forte nesta semana. Inseguranças em relação ao sucesso das negociações comerciais entre China e Estados Unidos e a novela do acordo do Brexit, além de dados que, ora reforçam, ora rebatem a especulação de que haverá uma recessão global, fizeram os mercados oscilarem nesta semana. "Foi uma semana de altos e baixos, um dia no céu, outro no inferno", aponta o operador da corretora Spinelli, José Carlos Amado.
Internamente, o ritmo é de cautela com a aproximação da posse do presidente eleito Jair Bolsonaro, cuja família tem sido alvo de polêmica por conta de movimentações financeiras atípicas na conta de um ex-assessor do filho do presidente Flávio Bolsonaro. A insegurança em relação ao equilíbrio fiscal do país e à condução das reformas também impede que os ativos domésticos avancem.
A sexta teve poucos negócios, com volume de US$ 712,8 milhões no mercado à vista. Os dados mais fracos da China e da zona do euro, pela manhã, derrubaram o humor global. Dados mistos da economia americana também colocam mais incerteza em relação a como o Federal Reserve (Fed) vai levar a condução da política monetária nos próximos meses. Com isso, o investidor está pouco disposto a tomar risco, o que penalizou as moedas emergentes globalmente.
Além disso, a queda continuada do petróleo prejudicou os emergentes. "O fluxo emergente está fraco no mundo todo. Aqui, juntou ainda o fato de que dezembro, sazonalmente, é um mês de fluxo menor, com o envio de remessas de empresas ao exterior", aponta o economista-chefe da Guide Investimentos, Victor Candido, em referência às remessas de dividendos de multinacionais às empresas-sede no exterior.