Agência Estado
postado em 14/12/2018 19:07
O mercado brasileiro de ações buscou operar descolado do mercado internacional ao longo do pregão desta sexta-feira, 14, mas não teve fôlego para sustentar os preços dos papéis em alta. O Índice Bovespa oscilou próximo da estabilidade na maior parte do tempo e acabou fechando em baixa de 0,44%, aos 87.449,50 pontos. Novos dados apontando para a fraqueza da economia chinesa trouxeram de volta o temor de desaceleração global, o que afetou os preços das commodities e reduziu o apetite dos investidores por ativos de risco.
A baixa do Ibovespa ocorreu após três pregões consecutivos de ganhos, fundamentados em boa parte na percepção de que a trégua entre Estados Unidos e China poderia resguardar a economia chinesa de prejuízos no comércio bilateral. Mas os dados de produção industrial e de vendas do varejo no gigante asiático vieram abaixo da projeção do mercado e voltaram a acender a luz amarela para o investidor.
Por outro lado, analistas apontam um viés positivo representado por investidores que sustentam a aposta nos avanços na política e economia a partir de 2019. Esse contraponto seria responsável pelo amortecimento das quedas vindas de Nova York. "Antigamente, quando os índices americanos caíam 1%, o Ibovespa caía 3%. Hoje a dinâmica se modificou, porque o mercado vê chance reais de uma recuperação mais consistente da economia brasileira", disse Luiz Roberto Monteiro, operador da Renascença Corretora.
Para Pedro Galdi, analista da Mirae, o "rali de Natal" que muitos esperavam para dezembro depende do último grande evento do ano, que é a reunião de política monetária do Federal Reserve. "A elevação dos juros na reunião de dezembro já é esperada, mas se Jerome Powell (presidente do Fed) mantiver o tom suave dos últimos pronunciamentos, abre-se espaço para o rali. Apesar das dificuldades que se sabe que o novo governo enfrentará, há uma aposta grande que haverá avanços nas propostas de reformas", disse.
Na máxima do dia, o Ibovespa chegou a subir 0,39%, voltando ao patamar dos 88 mil pontos.O viés de baixa do final do pregão foi determinado principalmente pela queda das ações da Petrobras e dos bancos, que se destacaram em alta nos últimos pregões. As ações da petroleira seguiram alinhadas à queda dos preços do petróleo e terminaram o dia com perdas de 0,75% (ON) e de 1,33% (PN). No segmento financeiro, destaque para B3 ON (-1,26%) e Bradesco ON (-1,23%).
Gol PN disparou 7,50% e foi a maior alta do Ibovespa. O papel já havia subido expressivamente na quinta-feira, em repercussão da assinatura do presidente Michel Temer que autoriza a participação ilimitada de capital estrangeiro nas companhias aéreas.