Agência Estado
postado em 17/12/2018 13:51
O futuro secretário de Produtividade e Competitividade do Ministério da Economia, Carlos da Costa, disse que o Brasil poderá crescer 5% ao ano com aumento da produtividade. De acordo com Costa, o ajuste fiscal, juntamente com um governo menor e mais eficiente, são condições necessárias para o crescimento do País, mas isso não é suficiente para ir além de uma recuperação cíclica.
"Grande parte do que o Brasil cresceu nos últimos anos foi porque caímos e levantamos. Temos que mudar essa mentalidade para ter crescimento de longo prazo", afirmou, em evento organizado pelo jornal Correio Braziliense. "Se resolvermos problemas, crescimento será guiado por aumento de produtividade."
O futuro secretário disse ainda que é preciso migrar do cenário atual, em que, segundo ele, são adotadas políticas compensatórias para a indústria, como subsídios, para um cenário de políticas de promoção da competitividade.
Ele afirmou que o crescimento de 5% ao ano "não é número estratosférico" e se assemelha ao que o agronegócio cresceu com o aumento da oferta no setor. Costa explicou que hoje a produtividade do trabalhador brasileiro é 23% menor do que a do norte-americano, e que é possível adotar políticas para reduzir esse intervalo, o que aumenta o potencial produtivo da economia. "Estamos nos afastando da fronteira de produtividade nos últimos anos", completou.
Um dos caminhos apontados por Costa é a revisão da carga tributária da indústria, que hoje representa 21% do PIB e tem 31% da carga tributária. "O principal fator que vem faltando para o país é liberdade para empresário produzir. Precisamos ter menos impostos sobre produção e emprego para ser competitivo", afirmou.
Ele ressaltou também a necessidade de ter taxa de juros adequada para não "inviabilizar a produção" e disse que o governo de Michel Temer vem sendo um governo de transição, que está "limpando o caminho para a prosperidade".
Em sua fala, Costa defendeu ainda a revisão da forma de medir Produto Interno Bruto da indústria e lembrou que há uma série de serviços adicionados que não entram nessa conta. Ele ressaltou ainda que atividades de serviços adicionados são dependentes de fatores nos quais o Brasil "tem ficado para trás", como capital humano e ambiente de negócios.
O futuro secretário afirmou que é necessário ter foco e não abraçar uma série de atividades. "O governo federal tem hoje 51 órgãos lidando com produtividade, parece piada". Entre as prioridades está melhoria na formação do capital humano e eliminação de barreiras para empresas, como concentração excessiva e número alto de obrigações acessórias.
Ele também listou a agenda de facilitação de negócios e o planejamento de longo prazo para a infraestrutura entre as prioridades. "Precisamos corrigir distorções para o mercado financiar o setor", afirmou.
Segundo Costa, isso será feito com diálogo com o setor produtivo, que é quem sabe dos problemas e obstáculos enfrentados pelos empresários. "Sem diálogo com setor produtivo nos tornamos arrogantes. Esse governo sabe que quem gera emprego e inovação é a iniciativa privada. Temos que atrapalhar menos", concluiu.