Agência Estado
postado em 17/12/2018 14:23
Já de olho no Leão, muitos investidores aproveitam o fim do ano para investir em previdência privada e garantir benefícios fiscais. A estratégia é fazer aportes em um PGBL (Plano Gerador de Benefícios Livres) para obter dedução no Imposto de Renda (IR) do ano seguinte - no caso, em 2019. Especialistas alertam, porém, que essa jogada pode não compensar em todos os casos. É preciso levar em conta a renda do investidor, seus objetivos e também o tipo de declaração de IR a ser feita.
A aplicação em um plano PGBL permite abater até 12% da renda tributável, reduzindo o valor do imposto. "É uma ferramenta de planejamento tributário, pois posterga o pagamento do imposto", diz a planejadora financeira Annalisa Blando Dal Zotto, planejadora financeira certificada pela Planejar. Porém, a conta chega mais à frente: ao resgatar os recursos no futuro, o IR irá incidir sobre o total resgatado. Já no plano VGBL (Vida Garantidor de Benefício Livre), a tributação incide apenas sobre o rendimento no período.
Por isso, o PGBL é mais indicado para quem faz a declaração de IR no modelo completo. "Ele é uma ótima opção para quem tem uma renda mais elevada - a partir de R$ 100 mil anuais, por exemplo - ou então muitos gastos para abatimento, como despesas médicas", diz Annalisa.
Para a planejadora, investidores com renda menor que não tiverem despesas dedutíveis devem optar pelo modelo simplificado de declaração - logo, o VGBL seria mais indicado. "Na simplificada, a Receita já considera uma dedução de 20%. Para ver qual modelo de declaração é mais vantajoso, basta fazer uma simulação no site da Receita", diz.
Outra dica, aponta ela, é não aplicar no PGBL acima de 12% da renda - pois o valor extra não poderá ser abatido.
Para ajudar investidores a tomar a melhor decisão, o BTG Pactual desenvolveu um simulador de previdência. Com um questionário sobre objetivos, renda gastos com saúde e educação e prazo desejado, a plataforma não só mostra se o usuário deve optar por PGBL ou VGBL, mas até se não deveria considerar outro tipo de aplicação.
"Não adianta investir em previdência para resgatar daqui a seis meses ou mesmo dois anos. Esse dinheiro não pode ser de curto prazo", explica o sócio do banco responsável pelo BTG Pactual digital e BTG Pactual Vida e Previdência, Marcelo Flora.
Pela tabela regressiva, num resgate em até dois anos, paga-se 35% de imposto - sendo a alíquota mínima de 10%, acima de dez anos. "O investidor precisa ter primeiro a sua reserva de emergência para depois colocar de 5% a 20% da renda em previdência", diz. Há um mês, a instituição baixou a aplicação mínima do segmento de R$ 10 mil para R$ 1 mil.
Portabilidade
Além de escolher o tipo de plano, é preciso prestar atenção na taxa de administração do fundo. Para especialistas, taxas de até 1% ao ano são consideradas aceitáveis. Acima disso, só se a performance for muito acima da média.
A busca por retornos melhores e taxas mais baixas fora do circuito dos grandes bancos e seguradoras gerou um grande movimento de portabilidade neste ano, sobretudo para casas independentes. É o caso da novata Vitreo, gestora digital lançada no fim de outubro pela Vectis Partners. O fundo tem cotas de dez fundos do segmento com gestoras de calibre como Verde, Adam e Ibiuna. A taxa é de 0,6% ao ano sobre o patrimônio.
"Dos R$ 280 milhões sob gestão até agora, um fluxo grande é de portabilidade, pois é uma indústria que está se movimentando", diz Patrick O'Grady, presidente da Vitreo. "O investidor percebeu que tinha produtos muitas vezes ruins e começou a procurar alternativas."
Diante da maior concorrência, nos últimos meses, Itaú, Santander, Bradesco e BB zeraram as taxas de carregamento - pedágio que o investidor paga a cada vez que aporta no fundo ou faz um saque. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.