Agência Estado
postado em 18/12/2018 11:25
A tentativa de recuperação das bolsas no exterior ampara o Ibovespa na manhã desta terça-feira, 18, depois de encerrar em baixa de 1,20%, aos 86.399,68 pontos na segunda-feira. Contudo, esse movimento lá fora não parece tão sólido, já que ainda pairam sobre os mercados dúvidas com relação a um desaquecimento mundial nos próximos meses, enquanto esperam a decisão de política monetária dos EUA na quarta-feira. Às 11h04, o Ibovespa subia 0,45%, aos 86.792,36 pontos.
Um exemplo firme dessa incerteza pode ser notada no comportamentos dos preços do petróleo, que operam em forte baixa na manhã desta terça-feira, atingindo mínimas em 14 meses. Há dúvidas persistentes sobre a capacidade de a Opep de cumprir o plano de cortar sua produção em 1,2 milhão de barris por dia a partir do ano que vem.
"Não há motivo para retomada da Bolsa. Há muita incerteza em relação à economia mundial. Ontem, até que o Ibovespa foi bem em relação a seus pares. Porém, hoje o petróleo tem queda forte, e isso deve segurar as ações da Petrobras, apesar da alta do Ibovespa futuro", descreve um operador.
As ações da estatal brasileira encerraram no negativo na véspera e amargam perdas de 10,17% este mês, mas ganhos de 43% em 2018. Nesta terça, recuam mais de 1,00%. "Se acontecer um rali de fim de ano, até pode ser que a Bolsa ganhe ímpeto, mas acho difícil. Deve ficar nesse sobe-e-desce", estima a fonte.
Na segunda-feira, o índice Dow Jones fechou com recuo de 2,11% e, nesta manhã, indica abertura em leve alta, assim como o S e o Nasdaq. Já na Europa, os sinais das bolsas são mistos.
Em meio aos sinais de perda de ímpeto da economia mundial e a despeito da expectativa de alta do juro nos EUA nesta quarta, os investidores esperam do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) algum sinal sobre o rumo das taxas por lá.
"Há um possível foco de alívio no horizonte, que seria a indicação pelo Fed de maior comedimento no ajuste monetário em 2019. É muito provável uma nova elevação dos juros, mas o comunicado e as projeções dos dirigentes devem alimentar as apostas de proximidade do fim do ciclo de aperto", avalia, em nota, o economista Silvio Campos Neto, da Tendências Consultoria Integrada.
Essa sinalização, diz, poderia aliviar eventuais preocupações com a dinâmica dos EUA. Ele lembra que esta semana também traz um componente potencialmente negativo, com a possibilidade de "shutdown" de partes do governo norte-americano na sexta, caso não seja alcançado um acordo entre o presidente americano, Donald Trump, e o Congresso nas discussões orçamentárias, avalia Campos Neto. "Neste quadro, apenas um sinal claramente 'dovish' do Fed poderia trazer um novo ânimo."