Economia

Bolsas de NY voltam a ter pregão marcado por vendas

Agência Estado
postado em 20/12/2018 20:29
Não foi para a frente a tentativa de recuperação dos mercados acionários americanos. O mau humor voltou a predominar no pregão desta quinta-feira, 20, e os principais índices de ações nova-iorquinos amargaram perdas expressivas, dando prosseguimento à queda vista no dia anterior. Os temores com novos aumentos nos juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano) voltaram com força total e se somaram aos riscos de paralisação da máquina pública americana, o que ocasionou em novos receios com o desempenho da economia dos Estados Unidos ao mesmo tempo em que uma onda de vendas derrubou o índice Nasdaq, que entrou em "bear market" durante a sessão. No fechamento, o indicador da bolsa eletrônica apresentava recuo de 1,63%, para 6.528,41 pontos, no menor nível desde setembro de 2017. Na Bolsa de Valores de Nova York (Nyse), o índice S 500 caiu 1,58%, para 2.467,42 pontos; e o Dow Jones mostrou pior desempenho ao ceder 1,99%, para 22.859,60 pontos. Grande parte do recuo veio das ações da Apple, que perderam 2,52%, depois que um tribunal distrital alemão julgou que a companhia infringiu uma patente de propriedade da Qualcomm para a fabricação de alguns modelos de iPhone. A tempestade perfeita contra a giant tech se mostra cada vez maior à medida que a ação da Apple cruzou sua primeira "death cross" em mais de três anos, depois que a média móvel de 50 dias (US$ 194,00) ficou abaixo da média móvel de 200 dias (US$ 194,04) - um evento técnico que alguns observadores acreditam que marque uma transição de curto prazo para uma tendência de baixa no longo prazo. Para o economista Jun Zhang, da Rosenblatt, a Apple "pode cortar outros 4 milhões de iPhones" de seus planos de produção para o trimestre encerrado em março, tendo em vista que as perspectivas para os novos smartphones lançados não se mostra positiva. Com os preços das ações da Apple, Netflix, Alphabet, Facebook, Twitter, entre outras empresas de tecnologia, em queda livre, os investidores voltaram a abandonar as techs, deixando o índice Nasdaq à deriva. "A maior questão para nós é que estamos começando a ver alguns dos líderes anteriores do bull market em colapso", escreveu o economista-chefe de mercados da Bay Crest Partners, Jonathan Krinsky. O Twitter, por exemplo, despencou 11,05% depois que o preço-alvo de sua ação foi cortado pela Citron Research, que adotou um tom bastante duro contra a companhia. De forma geral, os mercados continuaram a avaliar os riscos de novas elevações nas taxas de juros programadas para 2019. "Como amplamente esperado, o Fed revisou suas perspectivas para o próximo ano, mas isso não foi suficiente para sustentar os mercados, que se mostram cada vez mais impulsionados por preocupações com a desaceleração do crescimento econômico. Achamos que essa tendência pode continuar por pelo menos mais algumas semanas", destacaram, em nota a clientes, os economistas do Goldman Sachs. Para eles, os ativos de risco devem continuar a se debater até que os sinais de crescimento melhorem. Isso, contudo, não foi visto nesta quinta-feira, quando a distrital do Fed da Filadélfia informou que o seu índice de atividade regional caiu de 12,9 em novembro para 9,4 pontos em dezembro, no menor nível desde agosto de 2016, surpreendendo os mercados, que esperavam alta do indicador para 15,0 pontos. Não por acaso, os sinais de falta de ímpeto na indústria americana fizeram com que papéis ligados a esse setor sofressem perdas: a Boeing caiu 2,03%, a 3M perdeu 1,36% e a General Electric teve baixa de 2,87%. Também no radar esteve o risco de paralisação do governo americano, que gerou oscilações bruscas nos movimentos das bolsas durante a tarde. O índice de volatilidade VIX chegou a superar a barreira dos 30 pontos, mas não sustentou até o fim da sessão, embora tenha encerrado as negociações com salto de 10,95%, cotado a 28,38 pontos, à medida que o S 500 se encaminha para apresentar o pior desempenho trimestral desde 2008. Ainda mais incerteza foi adicionada pelos preços do petróleo, que voltaram a despencar e fizeram com que papéis de petroleiras, como Chevron (-2,64%) e ExxonMobil (-3,04%) ficassem no vermelho. Enquanto isso, no campo político, o risco de paralisação falou mais alto depois que, durante a tarde, o presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, Paul Ryan, comunicou que o projeto orçamentário bipartidário aprovado pelo Senado não seria sancionado por Donald Trump por não conter recursos para a construção de um muro na fronteira com o México.

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