Economia

Arrecadação do governo federal cai pela primeira vez este ano

Programa de Regularização Tributária rende muito menos do que em novembro de 2017. Queda nos ganhos da Receita atinge 0,27%, para R$ 119,4 bilhões no mês passado. Em 11 meses, entraram nos cofres públicos R$ 1,335 trilhão em tributos

Hamilton Ferrari
postado em 22/12/2018 08:00
Programa de Regularização Tributária rende muito menos do que em novembro de 2017. Queda nos ganhos da Receita atinge 0,27%, para R$ 119,4 bilhões no mês passado. Em 11 meses, entraram nos cofres públicos R$ 1,335 trilhão em tributosA arrecadação do governo federal teve o pior resultado do ano em novembro. Foi o primeiro mês com queda no resultado em 2018, segundo a Receita Federal. Em comparação com o mesmo período do ano passado, os ganhos do Fisco caíram 0,27% e atingiram R$ 119,4 bilhões, em linha com a expectativa dos economistas. Entre outros fatores, a atividade econômica fraca prejudica o aumento de receita nos cofres públicos.

O recuo foi influenciado pela queda nos ganhos com o Programa de Regularização Tributária (PRT), mais conhecido como o Refis, que dá desconto e parcela dívidas de empresas com a Receita. Em novembro, os ganhos foram de R$ 895 milhões, bem abaixo dos R$ 5,8 bilhões registrados no mesmo mês do ano passado. A grande diferença de valores ocorre porque em novembro de 2017 os contribuintes pagaram parte da entrada obrigatória do regime especial de quitação tributária.

De acordo com o economista-chefe da DMI Group, Daniel Xavier, a atividade econômica fraca também míngua o resultado. ;A arrecadação é uma variável que anda quase que de um para um com a atividade econômica. Quando está aquecida, há maiores ganhos com empresas, consumo e renda. Quando não, há menos;, disse. ;Os índices de atividade mostraram uma acomodação no fim do ano. De certa forma, está tudo interligado;, completou.

Os dados apontam que houve melhora dos principais tributos administrados pela Receita, mas, com a perspectiva de crescimento de 1,3% do Produto Interno Bruto (PIB), os ganhos não são animadores, já que a base de comparação com 2017 é pequena. A arrecadação de Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL) avançou 33,8% em novembro, na comparação com o mesmo mês do ano passado. O Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) teve alta de 1,56%. O destaque das quedas foi o Imposto de Renda Retido na Fonte de trabalhadores, que recuou 1,91%. ;Nível de emprego está crescendo, mas preço dos salários está comprimindo;, explica Claudemir Malaquias, chefe do Centro de Estudos Tributários e Aduaneiros do Fisco.

Apesar do resultado desanimador em novembro, a arrecadação federal surpreendeu positivamente no ano. Os ganhos da Receita com tributos somaram R$ 1,335 trilhão no acumulado do ano, o que representa o melhor resultado desde 2014. A alta real ; descontada a inflação ; é de 5,39% na comparação com janeiro a novembro de 2017. Já no acumulado de 12 meses, atingiu R$ 1,453 trilhão, o que representa um avanço real de 5,35%.

A alta do dólar e a cotação internacional maior do petróleo contribuíram para os resultados. As receitas administradas por outros órgãos, que englobam sobretudo os royalties, tiveram um salto real de 53% de janeiro a novembro, alcançando R$ 55,3 bilhões.

A arrecadação melhor no ano vai ajudar o governo federal a cumprir a meta fiscal com facilidade. As contas públicas não podem fechar o ano com deficit maior que R$ 159 bilhões, mas a expectativa do mercado é de que o rombo seja de algo em torno de R$ 126 bilhões.

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