No penúltimo pregão do ano, o dólar teve dois momentos distintos ao longo do dia. Subiu pela manhã, até a definição do referencial Ptax, batendo em R$ 3,94, e caiu pela tarde, chegando a R$ 3,88, refletindo a injeção de mais US$ 1 bilhão pelo Banco Central no mercado por volta das 12h30 desta quinta-feira (27/12), e a queda da moeda americana no exterior.
O dia de menor volume de negócios contribuiu para o comportamento mais volátil da moeda americana, que caminha para fechar 2018 com alta de 18%. Com isso, o real terá o terceiro pior desempenho entre as principais moedas emergentes, atrás apenas das divisas da Argentina e da Turquia. O dólar à vista fechou a quinta-feira em baixa de 0,84%, a R$ 3,8895.
O dólar caiu perante boa parte das moedas de países desenvolvidos e emergentes. A moeda já vinha perdendo força pela manhã, mas ampliou a baixa após dados da confiança do consumidor americano de dezembro mostrarem números mais fracos que o esperado por Wall Street. Os números reforçarem a visão de que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) pode ter que subir os juros menos vezes em 2019.
No mercado doméstico, fatores técnicos também pesaram nesta quinta-feira. O diretor de operações da Mirae Asset, Pablo Spyer, ressalta que a disputa entre comprados e vendidos pela formação da Ptax de dezembro, na sexta-feira, que será a última de 2018, teve peso importante no comportamento do câmbio nesta quinta, um dia antes de o referencial ser definido.
A Ptax mensal é usada para a liquidação dos contratos futuros de câmbio, além de ajustes nos balanços corporativos de fim de ano. "A confiança do consumidor americano abaixo do previsto reforçou o movimento de baixa", disse ele.
O operador da Necton Investimentos, José Carlos Amado, observa que a demanda por dólar no mercado à vista seguiu pressionada nesta quinta, o que levou o BC a fazer mais um leilão de linha, de US$ 1 bilhão, o terceiro esta semana, com oferta de US$ 3 bilhões. Uma evidência da maior demanda é que a cotação nesta quinta ficou acima da praticada pelo dólar futuro, com a taxa do casado negativa.
Faltando poucos dias para a posse de Jair Bolsonaro, em 1; de janeiro, o noticiário doméstico seguiu escasso. Um dos movimentos que vêm chamando atenção do mercado é que os investidores estrangeiros estão reduzindo fortemente as apostas contra o real no mercado futuro, operações que ganham com a alta da moeda americana, na reta final de 2018.
Apenas neste mês, o estoque líquido de posições compradas caiu de US$ 42 bilhões, pico atingido dia 10, para US$ 34,5 bilhões, na quarta-feira, de acordo com dados da B3, levando em contas as operações com dólar futuro e cupom cambial (juro em dólar).