O dólar à vista fechou o último pregão de 2018 em queda, influenciado pela vitória dos vendidos na disputa pela formação da última taxa Ptax de dezembro e do ano, que servirá para a liquidação do contrato futuro de janeiro e os ajustes das posições cambiais e nos balanços corporativos deste fim de ano. Apesar da queda da sessão desta sexta-feira (28/12), o dólar acumula alta de 0,43% no mês e de 16,89% no ano, bem acima da alta de 1,95% de 2017 e a maior variação desde 2015, quando a moeda americana disparou 49% em meio ao turbulento primeiro ano do segundo mandato de Dilma Rousseff e da expectativa do início da alta de juros nos Estados Unidos.
O real registrou em 2018 o terceiro pior desempenho ante o dólar entre os principais países emergentes, atrás apenas da Argentina e da Turquia.
No final da sessão desta sexta-feira, o dólar à vista terminou em queda de 0,36%, a R$ 3,8755. O dólar para o mês fechou em alta de 0,40%, a R$ 3,8935.
A disputa pela Ptax entre comprados (que apostam na alta do dólar) e vendidos (na baixa) dominou os negócios nesta sexta nas mesas, provocou volatilidade nas cotações pela manhã e elevou o volume financeiro no mercado de câmbio, que estava baixo na semana por causa das festas de final de ano.
No mercado à vista, o giro ficou em US$ 2,2 bilhões. No futuro, o contrato do dólar de fevereiro, que passou a ser o mais líquido, teve volume de US$ 18,5 bilhões.
Fora da Ptax, a queda do dólar no exterior ante moedas como o euro e a divisas de emergentes também contribuiu para o movimento de alívio aqui. No mercado doméstico, após as declarações do vice-presidente, general Hamilton Mourão, de que a reforma da Previdência será a "prioridade número um" do governo, foi bem recebida pelas mesas de operação e renovaram o otimismo do mercado com o avanço das reformas em 2019.
O Ibovespa subiu quase 3%. "Resolver a insustentável situação fiscal do Brasil será o desafio chave que o governo de Bolsonaro vai enfrentar", avalia nesta sexta-feira o economista-chefe para a América Latina do Goldman Sachs, Alberto Ramos.
"Permanecemos otimistas com a evolução da reforma da Previdência nos próximos meses", escrevem os estrategistas em Nova York do grupo financeiro japonês Nomura.
Para eles, com o encaminhamento da reforma no Congresso, a pressão no câmbio brasileiro deve se reduzir.
O Morgan Stanley recomenda montar posições em real e vê chance da moeda americana cair a R$ 3,55 ainda no primeiro trimestre, embora espera "algum ruído" no trâmite da reforma da Previdência entre os parlamentares.