Jornal Correio Braziliense

Economia

Juros futuros têm queda com perspectiva de reformas

A primeira sessão de negócios de 2019 foi de baixa das taxas futuras de juros em toda a curva, resultado de um conjunto de fatores domésticos, relacionados sobretudo à expectativa com o novo governo. A liquidez nesta quarta-feira, 2, foi reduzida durante todo o dia - o que chegou a favorecer a elevação dos prêmios no início dos negócios - mas a visão otimista quanto ao andamento de reformas estruturais acabou por consolidar o viés de baixa final. O ajuste em baixa ocorreu em sintonia com a queda do dólar para o patamar dos R$ 3,80 - o menor desde 21 de novembro -, na contramão da tendência de apreciação que predominou no mercado internacional. No mercado de ações, a disparada do índice Bovespa também simbolizou o bom humor do investidor diante de perspectivas internas. Segundo Paulo Nepomuceno, estrategista de renda fixa da Coinvalores, foi observado maior fluxo de investidores estrangeiros no mercado brasileiro, especialmente na ponta longa da curva. No fechamento da sessão regular na B3, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2020 ficou em 6,45%, na mínima do dia, ante 6,55% do ajuste de 28 de dezembro. O DI para janeiro de 2021 projetou 7,22%, ante 7,36% do ajuste anterior. Já o DI para janeiro de 2023 ficou com 8,39%, de 8,53%. Na sessão estendida, os vencimentos de 2021 e 2023 reduziram mais os prêmios, para 7,19% e 8,36%, nesta ordem. O principal evento do período da tarde foi a cerimônia de transmissão de cargo ao ministro da Economia, Paulo Guedes, cujo discurso não teve influência sobre os negócios, a não ser por reforçar conceitos da nova administração. Guedes atacou a questão do excesso de gastos públicos e voltou a priorizar as reformas da Previdência e Tributária, além de um programa de privatizações. "O viés sinalizado pelo novo governo vai na direção da responsabilidade fiscal e do controle do gasto público. E com a inflação bem ancorada, o que se vê é a redução das chances de uma elevação de juros neste ano", diz Nepomuceno, observando também a questão do ponto de vista internacional, com possibilidade de interrupção dos aumentos de juros nos Estados Unidos, embora por um fator negativo - a desaceleração da economia local. Nesta quarta-feira, os juros dos Treasuries tiveram nova sessão de baixa. Para Josian Teixeira, diretor da Lifetime Asset, um dos pontos que influenciaram o mercado foi o decreto presidencial fixando o valor do salário mínimo em R$ 998, abaixo dos R$ 1.006 aprovados pelo Congresso. "A fixação de um valor um pouco menor que o projetado significa menor pressão sobre a inflação, que já está confortável. Com isso, a chance de elevação de juros no segundo semestre diminui", disse.