Economia

Butique de investimentos aposta em negócios ligados à tecnologia

Com atuação fora do eixo Rio-São Paulo, empresa mineira de tem no radar os setores de educação, saúde e finanças. Para a gestora, tendência agora é de retomada

Paula Pacheco/Estado de Minas
postado em 04/01/2019 06:00

São Paulo ; As operações de fusões, aquisições, imobiliárias, de renegociação de dívidas e de gestão de recursos costumam ficar nas mãos de especialistas de São Paulo e Rio de Janeiro ; maior mercado para esse tipo de operação. Mas a atuação em outras regiões é que tem garantido o crescimento da AF Araújo Fontes, de Belo Horizonte, uma das maiores butiques independentes de investimentos do país.

Fundada em 1990, a empresa se especializou nos mercados de Minas Gerais, Goiás, interior de São Paulo e Nordeste. Agora, espera incluir no portfólio novos segmentos de negócios.

Evaldo Fontes, fundador da AF, conta que a decisão de se concentrar em um primeiro momento no mercado mineiro teve algumas vantagens, como a concorrência menor. À medida que os negócios se expandiram, porém, foi preciso buscar oportunidades em outras praças. Daí a decisão de expandir as fronteiras. ;Descobrimos que o jeito peculiar do mineiro de fazer negócio é muito parecido com o do goiano, do nordestino e do paulista;, lembra o executivo.

Segundo Evaldo Fontes, uma das características é a relação de longo prazo nos negócios. Esse tipo de relacionamento é necessário em butiques de investimentos, diz ele. Há situações em que uma negociação pode levar anos até ser concluída. A AF tem em sua carteira, por exemplo, um contrato iniciado há cinco anos e outro há três ; o primeiro envolve uma divergência familiar e o segundo diz respeito a uma proposta de aquisição.

Em quase três décadas de existência, Fontes acompanhou de perto muitas mudanças, como a adoção de práticas cada vez mais transparentes nas empresas. Antes disso, foi preciso acostumar os clientes a outras mudanças. Era muito comum encontrar empresários relutantes na hora de propor a estruturação para a venda de parte de um empreendimento. ;Muitos argumentavam que não estavam quebrados, por isso não fazia sentido buscar esse tipo de alternativa para injetar dinheiro no negócio;, recorda Fontes.

Nos últimos anos, butiques de investimento como a AF sentiram os efeitos dos tempos difíceis da economia, que impactaram na avaliação dos ativos. Muitos diziam que não valia a pena comprar uma empresa porque inevitavelmente haveria problemas mais adiante, como o recuo no consumo.

Uma das saídas para a AF em meio a uma economia desfavorável foi procurar estar mais antenada às tendências internacionais. Para isso, Fontes trouxe para o negócio André Barbosa, ex-banco Pactual, com passagem por São Paulo, Rio de Janeiro e Nova York, e o promoveu a um dos sócios-gestores.

;Empreendedores e empresários são sempre muito resilientes, ainda mais com tantos planos econômicos que vimos no Brasil. Agora, todos estão cada vez mais empenhados em saber como internacionalizar o seu negócio, se modernizar e se manter influente;, avalia Barbosa.

Para o sócio-gestor da AF, agora, com uma nova fase da economia, a tendência é de retomada. Mas, lembra, ;não há uma receita de bolo para estes momentos;. Alguns setores deverão se beneficiar nesse primeiro momento e poderão gerar mais negócios na área de fusões e aquisições, como o da saúde e da educação. Até hoje, foram realizadas cerca de 150 operações de M.

Barbosa também acredita no potencial de negócio que poderá ser gerado pelas empresas ligadas à tecnologia, como as fintechs (do setor de finanças), health tech (do setor de saúde) e agritech (do agronegócio).

Outra área da butique de investimentos que deve se beneficiar da nova fase da economia, acredita Fontes, é a de gestão de recursos. Atualmente, a AF tem R$ 3,9 bilhões sob gestão, por meio de um fundo, administrado de forma independente.

;Agora, o principal componente é a confiança. Quanto mais baixa for a sensação de incerteza, mais negócios teremos no horizonte;, afirma o fundador da AF. Mas ainda deve levar de seis meses a um ano para esse otimismo se reverter em negócios, avalia Barbosa.

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