Agência Estado
postado em 04/01/2019 19:09
As taxas de juros negociadas no mercado futuro terminaram a sexta-feira, 4, com viés de alta em praticamente toda a curva a termo, mas distantes das máximas do dia, registradas pela manhã. A fala segura do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, em relação à economia americana em 2019 reduziu temores de recessão naquele país e o que se viu foi um alívio nos ativos pelo mundo. Por aqui, os mercados passaram a minimizar questões domésticas, como o mal estar com declarações do presidente Jair Bolsonaro acerca de uma reforma da Previdência mais branda e de um aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
O dólar, que havia subido com o Efeito Bolsonaro e com o resultado forte do relatório de empregos dos Estados Unidos (payroll), assumiu tendência de baixa e terminou o dia no patamar dos R$ 3,72 no mercado futuro. Nos Estados Unidos, os juros dos Treasuries avançaram, evidenciando ajustes de investidores que especulavam em corte de juros por lá este ano em função dos sinais de uma eventual recessão apontados pelo estreitamento da curva de juros local.
Ao final da sessão estendida na B3, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2020 fechou em 6,52%, ante 6,49% do ajuste de quinta-feira. O vencimento de janeiro de 2021, o mais líquido, terminou projetando 7,28%, de 7,22% do ajuste anterior. O DI para janeiro de 2023 ficou com taxa de 8,41%, de 8,39%.
"O discurso de Jerome Powell foi na direção de mostrar alguma confiança na economia americana e veio menos hawkish que os anteriores, quando ele apontava uma preocupação de mostrar independência em relação às pressões de Donald Trump. Isso não significa que o Fed irá elevar juros. Mas foi suficiente para o mercado deixar de precificar baixas", disse Camila Abdelmalack, economista da CM Capital Markets.
No que diz respeito ao cenário doméstico, a economista da CM prevê períodos de volatilidade, devido ao descasamento de discurso entre integrantes do governo Bolsonaro. Em entrevista ao SBT na noite de quinta, o presidente acenou com uma reforma mais desidratada, com idades mínimas inferiores à proposta do ex-presidente Michel Temer.
Bolsonaro também disse que já havia assinado decreto para elevar a alíquota do IOF que vai compensar a prorrogação de incentivos fiscais para empresas das áreas da Sudam (Amazônia) e da Sudene (Nordeste). Ele afirmou que foi obrigado a tomar a medida, mas disse que a marca do seu governo será não aumentar mais impostos. Pouco tempo depois, o secretário especial da Receita Federal, Marcos Cintra, disse que não haverá aumento da alíquota do IOF. Ao final da tarde foi a vez de Onyx Lorenzoni, ministro da Casa Civil, descartar aumento do imposto, afirmando que há outras alternativas na mesa.