Marília Sena*
postado em 05/01/2019 07:00
Apesar de o dólar e a Bolsa de Valores de São Paulo (B3) terem encerrado a sessão de ontem com resultados positivos, os investidores não viram com bons olhos as declarações do presidente Jair Bolsonaro a respeito da reforma da Previdência. O pregão alcançou um novo recorde, com o Ibovespa alcançando 91.945 pontos fechando em alta de 0,30%. Já o dólar comercial, que teve nesta semana a maior queda para o período em três meses, fechou cotado a R$ 3,72, apresentando queda de 1,09% no dia.
Para o economista e consultor Demetrius Lucindo, o que explica a retração da moeda americana é a confiança na linha liberal do novo governo. Porém, ao admitir mudanças menos profundas no sistema de aposentadoria, Bolsonaro refreou o otimismo do mercado, o que pode levar o dólar e a bolsa a se estabilizarem nos patamares atuais. ;É tudo muito prematuro, temos que acompanhar o que vai acontecer;, observou.
Os investidores temem que, diante dos obstáculos políticos, o governo acabe adotando medidas insuficientes para enfrentar os problemas fiscais do país. O presidente defendeu a idade mínima para aposentadoria de 62 anos para os homens e de 57 anos para as mulheres. Para Tiago Mori, assessor da Eixo Investimentos, ;os investidores estão esperando uma reforma mais agressiva e, quando eles viram um discurso mais tênue, ficaram receosos;.
Em entrevista a jornalistas após a troca do Comando da Força Aérea Brasileira (FAB), Bolsonaro disse ainda que haveria aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), mas o secretário Especial da Receita, Marcos Cintra, corrigiu o Presidente. Para Tiago Mori, o vaivém do governo Bolsonaro não deve gerar grande impacto no mercado, embora tenda a reduzir a confiança dos investidores.
De acordo com o especialista, o investidor está testando os novos índices do pregão brasileiro. ;A Bolsa está em um patamar em que nunca esteve, e isso é devido ao discurso liberal do governo, o que é positivo;, disse Mori. Para ele, é interessante observar que as bolsas norte-americanas estão mais retraídas, mas esse pessimismo não está atingindo as ações brasileiras.
Para o economista, é imprescindível acompanhar as próximas decisões que serão tomadas pelo novo governo. ;Os 100 primeiros dias são de lua de mel, e o governo consegue cumprir com algumas promessas. Se, depois disso, o mercado perceber que os compromissos não estão sendo cumpridos, haverá redução das apostas;, assinalou.
* Estagiária sob supervisão de Odail Figueiredo