Alessandra Azevedo
postado em 07/01/2019 19:43
O ministro da Economia, Paulo Guedes, anunciou que a Caixa vai reavaliar onde são usados os recursos do Fundo de Investimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FI-FGTS). A revisão será uma das primeiras medidas da nova gestão, adiantou o chefe da equipe econômica, na cerimônia de transmissão de cargo para o novo presidente da instituição, Pedro Guimarães, na tarde desta segunda-feira (7/1).
;Uma das primeiras coisas que vamos fazer é pegar esse FI e reavaliar isso tudo. Se vai uma parte para infraestrutura, tem que ser com ênfase mais em conectividades, que deem retorno para a Caixa do que simplesmente ficar abastecendo campeões nacionais, empresas que têm muita influência política;, disse Guedes. Segundo o ministro, o fundo ;andou irrigando coisas que não era para irrigar;.
Guedes também criticou as gestões anteriores, marcadas pela ingerência política na instituição. A Caixa recentemente "se perdeu", mas, agora, está sendo recuperada, disse. Disse que, muitas vezes, bastava "uma ligação política, uma conversa lá na Caixa, e o sujeito saia com R$ 1 bilhão de crédito". "Está errado e não será tolerado", enfatizou.
O ministro também garantiu que "não será tolerada a compra de influência através de publicidade desnecessária", nem o uso de recursos públicos "em direção equivocada", sem nenhum benefício social nem retorno econômico para a empresa.
Abertura de capital
Outro ponto que foi assunto nos discursos de Guedes e de Guimarães é a questão da abertura de capital de empresas subsidiárias à Caixa. O novo presidente da instituição foi enfático ao dizer que "não há privatização da Caixa, nem pensar, o que há é abertura de capital".
O objetivo é pagar uma dívida de R$ 40 bilhões que a instituição financeira possui com o Tesouro Nacional. Com a venda de ações das empresas controladas pela Caixa, como as empresas de cartões, seguros e loterias.
"Choque de cidadania"
Guedes afirmou que, antes, quem descobria algo errado tinha que "abafar" rápido para não ter problemas institucionais. Agora, segundo ele, "quem indicar fumaça antes que pegue fogo tem que ser premiado". Disse que será preciso um "choque de cidadania" para mudar esse sistema.
Para isso, ele garantiu que a Caixa trabalhará muito próxima ao Tribunal de Contas da União (TCU). "Nós vamos inverter essa lógica, com ajuda do TCU, que tem sido vigilante", disse. O ministro Augusto Nardes, do tribunal de contas, estava na reunião e foi saudado tanto por Guedes quanto pelo novo presidente da Caixa.
Os ;grandes desafios; da Caixa, segundo Guedes, são meritocracia, do lado interno, e governança, do lado de fora. ;Essas coisas têm que estar juntas, que é a única forma que tem de proteger a empresa;, disse.
Transparência
O ministro enfatizou a importância de uma governança transparente. "Se as ações da Caixa envolverem qualquer subsídio, que sejam um desembolso da União e não que haja conflito de interesse, onde a própria sociedade não sabe se essa instituição está servindo a propósitos políticos", afirmou.
O ministro afirmou ainda que é possível tomar medidas "cem vezes melhores e mais produtivas socialmente" com um centésimo do dinheiro que se gasta em publicidade, por exemplo.