Agência Estado
postado em 09/01/2019 18:48
O bom humor dos investidores diante das sinalizações de uma reforma da Previdência mais robusta estendeu-se por todo o dia no mercado futuro de juros, que tiveram queda nas taxas intermediárias e longas, que ainda reservam algum prêmio de risco. O cenário internacional deu contribuição significativa, oferecendo um ambiente de maior apetite por risco, alimentado pela perspectiva de entendimento entre Estados Unidos e China e por sinalizações "dovish" do Federal Reserve.
Ao final da sessão estendida de negócios na B3 nesta quarta-feira, 9, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2020 teve taxa de 6,59%, ante 6,58% do ajuste de terça. O vencimento de janeiro de 2021 projetou 7,37%, a mesma do ajuste anterior. O vencimento de janeiro de 2023 ficou em 8,40%, ante 8,43%. Na ponta mais longa, o vencimento de janeiro de 2025 teve a taxa reduzida de 8,94% para 8,89%.
A fonte do maior otimismo foram as sinalizações dadas na terça à noite pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, que prometeu enviar ao presidente Jair Bolsonaro na próxima semana uma proposta de reforma "mais profunda", além de um plano de regime de capitalização para trabalhadores que ainda não ingressaram no mercado de trabalho. Apesar da cautela ante uma proposta ainda desconhecida, o mercado recebeu positivamente as indicações.
Na avaliação de Raul Velloso, especialista em contas públicas, a criação de um regime de capitalização é o rumo certo que a Previdência tem de tomar. "Isso ninguém nunca teve coragem de fazer, e principalmente com relação ao regime próprio", disse ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.
Para Luis Felipe Laudisio, operador da Renascença Corretora, o principal driver do dia foi mesmo a perspectiva com a reforma da Previdência, embora o cenário internacional tenha sido um coadjuvante positivo. "As taxas fecharam nos vencimentos mais longos, onde os investidores ainda buscam prêmios. A Previdência mais robusta foi o principal motivo para o ajuste e o cenário internacional reforçou esse comportamento", disse.
Ao longo do dia, o risco-país brasileiro oscilou no patamar inferior aos 180 pontos-base (CDS de 5 anos) pela primeira vez desde maio do ano passado e o dólar fechou aos R$ 3,68, acumulando queda de quase 5% em janeiro.