A Petrobras informou nesta quinta-feira (10/1) que o abastecimento de gasolina de aviação (avgas) será normalizado no País na próxima semana com a chegada de uma nova carga importada, depois que a produção da Refinaria Presidente Bernardes-Cubatão (RPBC) foi interrompida por uma parada para manutenção da unidade. A planta é a única no País que produz o combustível.
A avgas é utilizada em aviões agrícolas para pulverização de produtos químicos nas lavouras, e segundo o Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag) está em falta desde dezembro em distribuidoras de todo País, justamente no momento em que a o tratamento aéreo é necessário.
A Petrobras informou que durante a parada, cujo período não foi divulgado, vai continuar importando o produto para atender o mercado até a plena retomada da refinaria. "Os clientes foram previamente avisados e a companhia está realizando importações do derivado para o suprimento do mercado, sem reflexos no preço às distribuidoras, uma vez que a política de preços do produto está mantida e, por ser referenciada ao mercado internacional, independe da fonte de suprimento (produção própria ou importação)", informou a Petrobras em nota ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.
O Brasil tem 2,1 mil aviões agrícolas, segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). A situação mais crítica, conforme análise do Sindag, é a do Rio Grande do Sul, com maior número das aeronaves movida a avgas. O Estado é o terceiro maior produtor nacional de soja e responde por 70% do arroz produzido no País.
"No caso da soja, são 5,78 milhões de hectares que estão agora na fase de aplicação de fungicida preventivo contra doenças como a ferrugem asiática (que pode eliminar uma lavoura inteira em cinco dias). No arroz, são cerca de 1 milhão de hectares em etapas de adubação por cobertura e aplicação de fungicida", completou o Sindicato.
O quadro também é preocupante em Mato Grosso, maior produtor nacional de grãos, onde a safra de soja está em pleno desenvolvimento, e em São Paulo, Estado que concentra a produção de cana-de-açúcar. Nos arrozais, assim como nos canaviais, não é possível fazer a aplicação de produtos por terra. A estimativa é de que, para abastecer os aviões durante toda a safra, sejam necessários 20 milhões de litros de gasolina para aviação.
A Petrobras não informou o volume importado e a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) também não possuía imediatamente as estatísticas sobre a importação de novembro e dezembro de 2018.