Economia

Inflação de 2018 em Brasília fica abaixo da média nacional

IPCA termina 2018 em 3,75%, novamente abaixo da meta do governo. Preços administrados ajudaram. Alimentação pesou mais

Hamilton Ferrari, Marília Sena*
postado em 12/01/2019 07:00
Agna Burjack reclama da conta de luz e do preço do gás de cozinha:

A inflação terminou o ano passado, mais uma vez, abaixo do centro da meta definida pelo governo, deixando sinais positivos aos consumidores para 2019. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) teve variação de 3,75% no ano passado, 0,75 ponto percentual a menos que o objetivo estipulado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 4,5%. Houve desaceleração dos preços no último trimestre, o que possibilitou que a taxa ficasse mais controlada no fim do ano.

A inflação de dezembro foi de 0,15%, a menor variação para o mês desde 1994, ano de lançamento do Plano Real. O quarto trimestre foi o mais fraco, com o IPCA subindo apenas 0,39% no período. O principal fator para o enfraquecimento da carestia foram os preços administrados ; estabelecidos em contratos ou pré-definidos pelo poder público ;, como energia elétrica, gasolina e planos de saúde. Esse grupo de itens aumentou 6,2% no ano passado, abaixo da estimativa de 7,4% do Banco Central (BC).

Mesmo assim, os consumidores reclamam. Em média, o grupo habitação subiu 4,72% em 2018, impactado pela variação da conta de luz, que aumentou 8,7%. Durante cinco meses do último ano, vigorou a bandeira tarifária vermelha nível 2 ; que acarreta o maior sobrepreço nas tarifas de energia. A moradora de Anápolis Agna Burjack, 71 anos, reclamou: ;A conta mensal lá em casa passa dos R$ 100. Isso não é justo, porque moro sozinha;, disse. ;Outro produto que está caro é o botijão de gás, vendido a R$ 80.; De acordo com os dados do IPCA, esse item subiu 4,85%, em média, no ano passado.

Valéria Rodrigues

Enquanto passa as férias na casa do filho, que mora em Brasília, Agna pesquisa os preços em busca de mercadorias mais baratas para levar para casa. ;O custo de vida está muito alto;, ressaltou. O IBGE mostrou que, junto com o grupo de habitação, o de transportes e o de alimentação impactaram o índice geral em 2,49 pontos percentuais. Houve encarecimento de 16,92% nas passagens aéreas, de 7,24% na gasolina e de 6,32% das passagens de ônibus urbanos.

Responsável por cerca de um quarto das despesas familiares, a alimentação teve o maior impacto no IPCA, com alta de 4,04% e contribuição de 0,99 ponto percentual ao índice. Os preços dos alimentos consumidos em casa subiram 4,53%, com destaque para tomate (71,75%); frutas (14,10%); leite longa vida (8,3%); pão francês (6,46%); e carnes (2,25%). Para a empresária Valéria Rodrigues, 49 anos, os aumentos afetaram o negócio de venda de comida de que é proprietária. ;Tive que aumentar o valor de vários serviços, porque, do contrário, não daria conta de trabalhar;, afirmou.
Infográfico sobre inflação em 2019

Desemprego


Segundo Maria Andreia Lameiras, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a inflação de alimentos deve ser um pouco maior em 2019, em torno de 5%. Ela explicou que, em 2018, a atividade econômica fraca manteve o IPCA longe do centro da meta. O número elevado de desempregados e o baixo investimento na economia limitaram o consumo, deixando pouco espaço para aumentos de preços.

Para 2019, a expectativa é de que o nível de atividade econômica seja mais forte. Mesmo assim, nas estimativas do Ipea, será o terceiro ano consecutivo em que o custo de vida permanecerá abaixo da meta definida pelo CMN ; que, neste ano, cairá para 4,25%. ;Projetamos variação de 4,1% do IPCA neste ano, que refletirá o aumento da demanda, à medida que o mercado de trabalho cresça e a renda média da população fique maior;, disse Maria Andreia.

Na interpretação da pesquisadora, os preços administrados terão, neste ano, impacto menor do que em 2018, com alta de 4,9%. De acordo com o economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Fábio Bentes, a variação de 6,2% destes itens no ano passado sinaliza tendência de enfraquecimento do IPCA. ;Foi a menor alta desde setembro de 2017 para os preços administrados, que são fatores essenciais para o IPCA, já que representam 25% do índice;, explicou.

* Estagiários sob supervisão de Odail Figueiredo

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação