Economia

Governo quer evitar temas polêmicos em Davos e passar visão de país aberto

Em sua estreia no mercado internacional, presidente Jair Bolsonaro tentará vender o país para investidores, defendendo os pilares de uma 'terraplanagem' estratégica, com avanço na reforma da Previdência, privatizações, concessões e redução do tamanho do Estado

Rosana Hessel
postado em 17/01/2019 17:14
Em sua estreia no mercado internacional, presidente Jair Bolsonaro tentará vender o país para investidores, defendendo os pilares de uma 'terraplanagem' estratégica, com avanço na reforma da Previdência, privatizações, concessões e redução do tamanho do Estado
O presidente Jair Bolsonaro e o seu ministro da Economia, Paulo Guedes, pretendem evitar temas polêmicos no Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês), em Davos, na Suíça, e tentar passar uma mensagem de que o país está aberto para negócios. Uma das metas do governo será aumentar a participação da corrente de comércio (tudo o que o país compra e vende no mercado externo) no Produto Interno Bruto (PIB) em quase 40%, passando dos atuais 22% a 23% para 30% do PIB em apenas quatro anos, de acordo com fontes do governo. Outra meta que será anunciada em Davos será a de dobrar a participação no PIB dos investimentos em pesquisa e desenvolvimento e inovação, passando de 1%, taxa que tem ficado estável desde os anos 1990, para 2% do PIB.

A ideia é utilizar o discurso que Paulo Guedes fez na transmissão de cargo como o fio condutor das mensagens que o novo governo pretende transmitir à elite econômica do planeta, onde ele destacou a reforma da Previdência como uma das prioridades, não deixando de lado as privatizações, a redução da carga tributária e sua simplificação, a abertura comercial e o enxugamento do Estado.

Há um consenso na nova equipe econômica de que o Brasil é realmente um país muito fechado e ele precisará tomar medidas para a facilitação comercial, convergindo regras, modernizando a estrutura tarifária e abrindo o mercado brasileiro, ;de forma coordenada para que as taxas de importação caiam de forma gradual;. ;A ideia é evitar que as empresas brasileiras tenham uma compensação para enfrentar as condições de competição mais acirradas, com menos impostos;, disse a fonte. ;Vamos deixar as coisas mais rápidas, mais simples e mais enxutas;, emendou, sem dar maiores detalhes do formato desse processo.

O WEF ocorre entre os dias 22 e 25 deste mês, nos Alpes suíços. A agenda de encontros do presidente e de Paulo Guedes não estão fechadas, mas estão previstos encontros bilaterais do ministro da Economia com o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Steven Mnuchin, e com representantes de fundos soberanos internacionais, fundos de investimento, líderes empresárias dos setores tecnologia e de infraestrutura, como energia e logística.


"Terraplanagem"


Uma parte da mensagem do novo governo para os líderes e investidores presentes em Davos é mostrar as medidas que o governo pretende adotar com características corretivas para melhorar o ambiente de negócios, tornando o ambiente macroeconômico ;propício para a retomada do crescimento;. Nesse sentido, o que o governo denominou essa estratégia de ;terraplanagem; com três pilares fundamentais que são: 1) reforma da Previdência, que deverá ser mais detalhada aos investidores, "focando reduzir privilégios de forma geral e adequando a realidade do país à demografia"; 2) privatização e concessões e venda de ativos da União, e 3) reforma administrativa, governo digital e enxugamento da máquina pública no seu conjunto, diminuindo a importância e peso do Estado.

;Os Alpes suíços vão ouvir que vamos tirar o Estado do cangote do empreendedor brasileiro;, garantiu uma fonte do governo que participará do encontro, acrescentando que a essência do discurso de transmissão de cargo de Guedes estará na essência do discurso do presidente, na sua maioria. Ela evitou comentar sobre temas polêmicos que podem ser levantados pelos participantes do WEF, como a saída do Brasil do Acordo de Paris e do pacto de imigração da Organização das Nações Unidas (ONU). Essas medidas, segundo especialistas, podem atrapalhar seriamente os planos do governo de ampliar acordos comerciais, pois a maioria dos países desenvolvidos fazem negócios com economias que respeitam esses princípios ambientais e humanitários, em grande parte.

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