Agência Estado
postado em 22/01/2019 19:21
Uma nova rodada de vendas atingiu em cheio os mercados acionários americanos nesta terça-feira, 22. Os principais indicadores em Nova York voltaram a refletir preocupações com as relações comerciais entre Estados Unidos e China e com a saúde da economia global. O cenário já começou cauteloso, tendo em vista que, no dia anterior, o Fundo Monetário Internacional (FMI) revisou para baixo sua projeção para a expansão econômica mundial este ano para 3,5%, o menor nível em três anos.
Na Bolsa de Valores de Nova York (Nyse), o índice Dow Jones fechou em queda de 1,22%, cotado a 24.404,48 pontos, enquanto o S 500 recuou 1,42%, para 2.632,90 pontos, após furar momentaneamente a média móvel de 50 dias (2.622,75 pontos). Já o índice Nasdaq teve baixa de 1,91%, cotado a 7.020,36 pontos.
Toda a turbulência gerada nos mercados acionários também fez com que o índice de volatilidade VIX subisse 15,17%, para 20,50 pontos. A cautela foi gerada por relatos em torno do comércio global. Reportagem do jornal Financial Times informou que o governo americano rejeitou uma oferta de que dois vice-ministros chineses viajassem aos EUA esta semana para conversas preparatórias sobre comércio. A decisão foi tomada pela falta de progresso em questões importantes, como a propriedade intelectual, e potenciais reformas "estruturais" na economia chinesa, o que indica dificuldade das duas partes para tentar chegar a um acordo até 1º de março.
Mais tarde, porém, o diretor do Conselho Econômico Nacional da Casa Branca, Larry Kudlow, tentou acalmar os mercados ao negar as informações. As bolsas saíram das mínimas do dia, mas nem isso foi capaz de fazer com que os índices apresentassem ganhos diante da cautela do FMI com a economia global.
Para analistas do Wells Fargo, novas vendas nas ações americanas estão na esquina antes de um rebote ocorrer. O banco lembra que, pelo histórico, quando o S 500 caiu mais de 20%, levou, em média, 63 dias de negócios para atingir um novo recorde. "Para os mercados desafiarem a história e projetarem uma rápida recuperação em forma de V, acreditamos que seria necessária uma limpeza significativa das preocupações do mercado", disseram os economistas, citando o aperto monetário, a questão comercial, a desaceleração do crescimento global e a temporada de balanços como os principais obstáculos.
Em relação aos ganhos das empresas, os resultados não têm sido muito animadores. Apesar do bom início com a safra de resultados acima do esperado de alguns dos principais bancos americanos, os investidores presenciaram números que desapontaram as estimativas. Os da Johnson & Johnson, hoje, foram nessa direção. A multinacional americana até superou timidamente as projeções, mas indicou uma perda de fôlego das vendas, o que afetou suas ações, que caíram 1,37%.
Na avaliação do estrategista-chefe de ações do Morgan Stanley, Michael Wilson, as revisões de lucros das empresas estão despencando "na pior amplitude desde a recessão nos lucros de 2016" ao mesmo tempo em que o balanço patrimonial do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) continua a ser encolhido. Wilson acredita que os mercados devem testar, novamente, os níveis vistos em dezembro e disse que há um potencial bastante limitado para surpresas positivas, tendo em vista o enfraquecimento dos indicadores econômicos. As vendas de moradias usadas, por exemplo, caíram 6,4% na passagem de novembro para dezembro, enquanto as projeções apontavam para recuo menor, de 1,3%.