Agência Estado
postado em 23/01/2019 07:10
O comércio varejista encerrou 2018 com o maior número de contratações líquidas de trabalhadores dos últimos quatro anos. Entre admissões e demissões, devem ter sido abertas 62 mil vagas com carteira assinada em 2018, segundo projeções da Confederação Nacional do Comércio (CNC). Os dados oficiais do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do ano de 2018 fechado devem ser conhecidos nesta quarta, 23.
Em relação aos demais setores, o comércio foi o terceiro maior na expansão de vagas em 12 meses até novembro, atrás apenas dos serviços em geral e serviços de utilidade pública.
Apesar de o pior momento do varejo ter ficado para trás, os dois anos seguidos de saldo líquido positivo de empregos - 2017 e 2018 - conseguiram recuperar só um quarto dos 410 mil postos de trabalho destruídos na crise. "O lado bom da moeda é que estamos nos distanciando da fase mais aguda da crise; o ruim é que a recuperação está sendo lenta", diz o economista-chefe da CNC, Fabio Bentes, responsável pelas projeções.
Como o novo governo está mais preocupado em fomentar o investimento e não o consumo, essa estratégia deve ajudar o varejo só mais para frente, prevê Bentes. Em 2018, as vendas do comércio devem ter crescido 5,3% e, para 2019, a CNC espera um avanço de 5,8%.
Dos dez segmentos analisados em 12 meses até novembro, supermercados e farmácias, setores que vendem itens essenciais como alimentos e remédios, lideraram as contratações. O saldo líquido de vagas abertas pelos supermercados foi de 36,1 mil no período e as pelas farmácias foi de 13,8 mil.
O Carrefour abriu mais de 5,5 mil novas vagas em 2018 para suportar a expansão.
O Grupo DPSP, que inclui as drogarias Pacheco e São Paulo, por exemplo, abriu 110 lojas no ano passado e contratou 1,4 mil trabalhadores. "Se somarmos a abertura de lojas e a reposição de mão de obra, foram 8 mil admissões em 2018", diz Liliane Cammarano, gerente executiva de RH. Grande parte dos contratados são balconistas, jovens em busca do primeiro emprego.
A história se repete na Raia Drogasil, outra gigante do setor. No ano passado, o Grupo inaugurou 240 lojas e abriu mais 3 mil novas vagas. "Este ano deverá ser parecido em admissões", diz a vice-presidente de RH, Maria Suzana de Souza. Ela ressalta que os últimos cinco anos foram de expansão e, assim como os alimentos, os medicamentos são itens básicos cujo consumo foi mantido, mesmo na crise.
Fragilidade. Para Bentes, o fato de supermercados e farmácias liderarem as contratações reflete a fragilidade da recuperação, já que estes segmentos são de consumo obrigatório.
Outro ponto que reforça a fragilidade é o salário médio de admissão vigente no varejo em novembro não ter recuperado a inflação do período. Em novembro, o salário médio dos contratados foi de R$ 1.278,45, com variação de 2,6% em 12 meses, ante alta de 4,05% da inflação. "Com desemprego elevado, as pessoas aceitam um salário menor", diz Bentes. A maioria dos admitidos tem em 19 e 24 anos e ensino médio completo, superior incompleto e completo. "É o trabalhador jovem, bom e barato." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.