Depois do soluço da terça-feira, o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (B3), voltou a avançar e encerrou o dia em alta de 1,53%, aos 96.558 pontos ; nova máxima histórica de fechamento. As declarações do ministro da Economia, Paulo Guedes, a investidores e autoridades, durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, ditou o movimento do mercado ontem.
Durante 20 minutos, o ministro, em inglês, reforçou que o Brasil se compromete com o encaminhamento de reformas fiscais ao Congresso Nacional. Segundo Guedes, a prioridade do governo será conduzir, inicialmente, a reforma da Previdência, que deve incluir um regime de capitalização. ;As novas gerações viverão sob um novo sistema, com contas individuais, administradas por instituições financeiras privadas;, resumiu o chefe da equipe econômica.
Ele afirmou que haverá ;mobilidade; para que os trabalhadores possam migrar de um fundo para outro ao longo do tempo, caso prefiram. Ainda de acordo com o titular da pasta, o governo estuda uma redução da taxação de empresas de 34% para 15%, o que, segundo ele, promoveria maior competitividade, em termos de investimento, com os Estados Unidos, que taxam em 20% as companhias. Guedes chamou a atenção para os indicadores de desaceleração mundial, o que pode atrair investimentos para economias emergentes, como o Brasil. Antes do almoço, o titular da pasta havia afirmado à Bloomberg que o governo espera arrecadar R$ 75 bilhões (US$ 20 bilhões) com privatizações.
Para o assessor de investimentos da Eixo Investimentos, Tiago Mori, Guedes conseguiu reforçar a confiança no país em seu discurso em Davos. ;A expectativa de uma reforma da Previdência é real. Sendo assim, a garantia de Guedes deixou o mercado muito entusiasmado. O economista da BlueMetrix Ativos, Renan Silva, minimizou a queda do Ibovespa na terça-feira. ;É normal, depois de sucessivas altas, haver uma onda de realização, principalmente, por parte de especuladores;, disse.
Bom humor
Na opinião de Mori, nem mesmo o cancelamento da entrevista coletiva que o presidente Jair Bolsonaro daria ao lado de Guedes e Sérgio Moro, ministro da Justiça, reduziram o bom humor dos investidores. ;Momentaneamente, eles até chegaram a ficar decepcionados com a notícia da desistência, contribuindo para uma queda do Ibovespa, que, posteriormente, reverteu para alta diante do posicionamento do ministro. Ele fala com o peso necessário, sabe responder a questionamentos, enquanto que o Bolsonaro é o guia;, explicou.Acompanhando o bom humor, o dólar recuou 1,08% ante o real, encerrando o dia negociado a R$ 3,764, interrompendo a sexta alta consecutiva. No mercado internacional, crescem as expectativas para um acordo comercial entre Estados Unidos e China. Ontem, um assessor econômico da Casa Branca afirmou que há a possibilidade de uma resolução econômica já no início de março. Com isso, em Wall Street, os índices Nasdaq subiram 0,08%; Dow Jones, 0,70%; e S 500, 0,22%.
* Estagiário sob supervisão de Rozane Oliveira
- Fluxo cambial está positivo
Depois de encerrar 2018 com saídas líquidas de US$ 995 milhões, o Brasil registra fluxo cambial positivo de US$ 1,173 bilhão em janeiro até o dia 18, informou ontem o Banco Central. O montante representa o resultado das três primeiras semanas de 2019. O canal financeiro apresentou entradas líquidas de US$ 1,532 bilhão. O segmento reúne os investimentos estrangeiros diretos e em carteira, remessas de lucro e pagamento de juros, entre outras operações. No comércio exterior, o saldo é negativo em US$ 359 milhões, com importações de US$ 7,575 bilhões e exportações de US$ 7,216 bilhões.