Vera Batista, Lucas Valença - Especial para o Correio
postado em 24/01/2019 06:00
O Brasil criou 529,5 mil empregos formais em 2018, resultado de 15,3 milhões de admissões e 14,8 milhões de desligamentos. É o primeiro resultado positivo desde 2016 e o melhor saldo em cinco anos, segundo dados do Cadastro Geral de Empregos e Desempregos (Caged), do Ministério da Fazenda. Os números foram comemorados pelo secretário especial de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho, que aproveitou a oportunidade para criticar gestões anteriores. ;O período de 2012 a 2017 é para ser esquecido no país. Os erros não podem voltar a se repetir no futuro;, afirmou. Apesar da retomada das contratações, as vagas ainda são de baixa qualificação, em setores, como serviços, comércio e construção civil.
O setor de serviços saiu na liderança, com pouco mais de 398 mil vagas, seguido de comércio (102 mil) e construção civil (17,9 mil). Administração pública, no ano, foi a única com saldo negativo (-4.190 vagas). Todas as regiões tiveram resultado positivo, mas cerca da metade dos empregos foi computada na Região Sudeste (251.706); seguida por Sul (102.223); Nordeste (80.639); Centro-Oeste (66.825) e Norte (28.161). De acordo com Marinho, a greve dos caminhoneiros, que paralisou o país em maio do ano passado, impediu o ;crescimento mais robusto; do emprego.
Para ele, o modelo de CLT é ;importante;, ;precisa ser apoiado;, mas não contempla as novas formas de trabalho como, por exemplo, os serviços de transporte por aplicativo. ;O governo vai trabalhar para que um número maior de empregos saia da informalidade;, ressaltou. Por isso, a intenção é intensificar a reforma trabalhista aprovada pelo ex-presidente Michel Temer.
Apesar dos bons números anuais, em dezembro de 2018, pelos dados do Caged, houve fechamento líquido de 334.462 vagas com carteira assinada, em consequência de 961.145 admissões e 1,295 milhão de demissões. Todos os setores ; a exceção do comércio (19.643 novas vagas) ; e todas as regiões do país registraram saldo negativo.
Esperança
Para especialistas, os números de 2018 sinalizam que a economia está retomando o fôlego. Wellington Ramos, economista da Agência Austin Rating, disse que a tendência é de criação de 1 milhão de novos empregos em 2019, em serviços e comércio, ;que, juntos, representam 55% do Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas do país);. ;O cenário macroeconômico está favorável, principalmente pelas perspectivas de expansão do crédito e de queda da inflação;, explicou Ramos.Cesar Bergo, sócio-consultor da Corretora OpenInvest, foi mais modesto. Estimou saldo positivo de vagas no país em torno de 600 mil. Além de comércio e serviços, a construção civil também será responsável pelo crescimento. Ivanice dos Reis Lopes, 34, ficou fora do mercado para se dedicar à faculdade de Fisioterapia, mas conseguiu voltar. ;Eu ganhava um salário mínimo. Tive a opção de parar por 10 meses, mas as coisas ficaram difíceis e retornei ao mercado;, contou. Ela hoje trabalha em um quiosque de venda de lembranças. ;Faço faculdade porque tenho o financiamento estudantil (Fies), caso contrário, não teria como. Meu sonho é terminar os estudos e trabalhar na minha área;, disse.
Na prática, não é difícil encontrar gente que se vira como pode, enquanto não tem carteira assinada. O administrador de empresa Rodolfo Fagundes, 31 anos, trabalhava em um hotel, com salário de R$ 2,5 mil. A empresa faliu em meados de 2018 e ele foi demitido. ;Agora sou motorista de aplicativo e ganho o suficiente para pagar as contas. Estou atrás de emprego há oito meses. Já me cadastrei em sites pagos e gratuitos. Continuo aguardando;, disse.