Rosana Hessel
postado em 28/01/2019 15:23
O contínuo desequilíbrio das contas públicas só faz o endividamento da União crescer. Em 2018, a Dívida Pública Federal (DPF) cresceu 8,9% na comparação com o ano anterior, contabilizando um estoque total de R$ 3,877 trilhões em títulos soberanos emitidos no mercado interno e externo em dezembro, conforme dados divulgados nesta segunda-feira (28/01) pelo Tesouro Nacional. Esse montante é R$ 317,8 bilhões superior ao estoque de R$ 3,559 trilhões registrado em dezembro de 2017. Em relação a novembro, o estoque total da DPF cresceu 1,32%.
A necessidade de financiamento do governo federal em 2018 foi de R$ 651,1 bilhões, sendo que R$ 130 bilhões foram resultantes de devoluções feitas pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) de empréstimos da União e outros R$ 89 bilhões foram descontados dessa soma.
As emissões da Dívida Pública Mobiliária Federal interna (DPMFi) no ano passado, somaram R$ 657 bilhões, abaixo do total de resgates, de R$ 677 bilhões, ou seja, houve uma emissão líquida negativa de R$ 20 bilhões. A maior parte das emissões de acordo com o subsecretário da Dívida Pública do Tesouro, José Franco Medeiros de Morais. ;Temos hoje uma maior participação de títulos indexados à taxa flutuante do que as demais, que é consequencia dos deficits fiscais registrados nos últimos anos;, justificou.
Estrangeiros em fuga
Os não residentes continuam registrando queda na participação entre os detentores dos títulos da dívida pública interna (DPMFi). Registraram recuo de R$ 13,75 bilhões em seu estoque, o levou a participação relativa do grupo passar de 11,74% para 11,22%, entre novembro e dezembro, totalizando R$ 418,14 bilhões. Esse montante é praticamente o mesmo de R$ 416,33 bilhões computados em dezembro de 2017, quando o percentual desse grupo era de 12,12%.
O grupo Previdência apresentou uma leve variação positiva, passando de R$ 908,77 bilhões para R$ 930,85 bilhões, na mesma base de comparação, o que fez fatia passar de 24,70% para 24,96%. As Instituições Financeiras reduziram seu estoque em R$ 1,11 bilhão, passando de R$ 849,21 bilhões para R$ 848,10 bilhões, o que fez a fatia desse grupo passar de 23,08% para 22,74%. Já os Fundos de Investimento aumentaram seu estoque em R$ 36,37 bilhões no mesmo período, alcançando R$ 1,003 trilhões em dezembro a maior participação do estoque da dívida: 26,91%. O grupo Governo apresentou participação relativa de 4,24% em dezembro e o estoque das Seguradoras encerrou o mês em R$ 153,27 bilhões.
Prazo médio cai
O prazo médio da DPF apresentou redução, passando de 4,19 anos, em novembro, para 4,11 anos, em dezembro, conforme os dados do Tesouro. O prazo médio da DPMFi também diminuiu, ao passar de 4,06 anos para 3,98 anos. Já o prazo médio da dívida pública externa (DPFe) passou de 7,42 anos para 7,39 anos.
O custo médio acumulado nos últimos doze meses da DPF teve leve queda e finalmente ficou abaixo de dois dígitos, passando de 10,11% ao ano, em novembro, para 9,86% anuais, em dezembro. O custo médio acumulado em doze meses da dívida interna passou de 9,60% ao ano, em novembro, para 9,37% ao ano, em dezembro. Com relação à DPFe, este indicador também registrou redução, passando de 23,26% a.a. para 22,07% a.a., devido, principalmente, à valorização do dólar frente o real de 0,30%, em dezembro de 2018, contra a valorização de 1,42% ocorrida no mesmo período do ano anterior.