Agência Estado
postado em 28/01/2019 18:37
O dólar teve um dia volátil, mas acabou engatando nova alta, e terminou a sessão desta segunda-feira, 28, em R$ 3,7678 (+0,14%). O câmbio foi influenciado hoje principalmente pelo comportamento da moeda americana no exterior, que se fortaleceu pela manhã, em meio a renovadas preocupações com os rumos da China, dos Estados Unidos e da economia mundial. Na parte da tarde, a alta do dólar lá fora perdeu força, após revisão para baixo nas projeções de crescimento da maior economia do mundo, mas a moeda seguiu com valorização ante divisas de emergentes, como México e Turquia, e pressionou o câmbio aqui.
O estresse causado na bolsa pelo desastre em Brumadinho (MG) com o rompimento da barragem da Vale não chegou a influenciar as cotações no câmbio. Profissionais das mesas destacam que a tragédia pode ser negativa para a imagem do Brasil no exterior, mas a avaliação entre os investidores é a de que o país segue como uma das principais apostas entre emergentes este ano. Prova disso é que o risco-país medido pelo Credit Default Swap (CDS) do Brasil ficou praticamente estável, em 171 pontos-base.
"O Brasil ainda é uma boa oportunidade quando comparado a outros emergentes", destaca Fernando Barroso, diretor da CM Capital Markets. Para ele, o Ibovespa pode até passar por uma correção nos próximos dias, após bater 11 recordes este ano, e o dólar ter um pico de alta, mas os movimentos devem ser temporários. A atenção dos investidores, destaca ele, vai crescentemente se voltar para o fim do recesso do Congresso, na sexta-feira (01/02), e a reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).
A reunião do Fed começa nesta terça-feira e acaba no dia seguinte. A expectativa é que os juros sejam mantidos, mas o economista sênior do ABN Amro, Bill Diviney, ressalta que o mercado vai ficar atento por qualquer mudança no comunicado, principalmente sobre menções aos riscos para o cenário. Além disso, o presidente do Fed, Jerome Powell, fala pela primeira vez à imprensa em 2019 logo após a reunião. "Esperamos que Powell se mostre cauteloso sobre o cenário, considerando a desaceleração da economia mundial e riscos domésticos, como o de nova paralisação do governo."