Economia

Ibovespa fecha em alta de 1,42% liderado por ações da Vale

Decisão da manutenção de das taxas de juros dos EUA pelo Fed também concentrou a atenção dos investidores

Gabriel Ponte*
postado em 30/01/2019 20:19
Decisão da manutenção de das taxas de juros dos EUA pelo Fed também concentrou a atenção dos investidores
O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (B3), encerrou a quarta-feira (30/01) em alta 1,42%, com 96.996 pontos, influenciado, principalmente, pelo avanço dos papéis da Vale. Investidores também repercutiram, positivamente, a decisão da manutenção das taxas de juros estadunidenses pelo Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA), entre 2,25% e 2,50%.

No cenário doméstico, destaque para os ativos ordinários da mineradora, que fecharam a sessão de negócios em alta de 9,03%, negociados a R$ 46,60. De acordo com analistas, a decisão da companhia em acabar com barragens a montante, como a estrutura que se aumenta o otimismo. A companhia afirmou, na noite de terça (29/01), que iria se preparar para "descomissionar" 10 tipos de barragem semelhantes à do acidente, ou seja, serão preparadas para serem incorporadas à natureza. A estimativa é de que sejam investidos R$ 5 bilhões para a execução do projeto, que deve durar três anos.

A decisão impactou os contratos futuros do minério de ferro, principalmente no continente asiático. De acordo com a Vale, a medida de fechamento das barragens a montantes provocará uma redução de até 10% da produção, ou seja, 40 milhões em minérios de ferro, além de 10 toneladas de pelotas por ano. Com isso, investidores globais viram o preço do minério de ferro disparar, principalmente no mercado chinês.

Segundo Tiago Mori, assessor da Eixo Investimentos, os investidores ajustaram as posições, no mercado financeiro, em decorrência das recentes medidas anunciadas pela mineradora. "O que a gente viu hoje foi a repercussão, boa, de investidores em torno do fim da operação de 10 barragens a montantes. A decisão diminui os riscos futuros, após o mercado ter precificado, de forma muito pesada, o desastre na sexta-feira", analisou. Mori explica que, como consequência, com a previsão de redução da oferta da commoditie no mercado global, os preços de contratos futuros elevaram-se. "Mas o mercado gostou de ver isso. Mostra que a Vale está se preocupando com a assistência às vítimas, além do aperfeiçoamento de riscos operacionais", completou.

Para um analista que não quis ser identificado, o desempenho positivo dos papéis da mineradora, no pregão de hoje, estão atrelados às recentes decisões da empresa. "A notícia do descomissionamento de barragens, por parte da Vale, passou a impressão de que o mercado talvez tenha sido um pouco exagerado. No entanto, o mercado olha para muitos episódios, como indenizações, ações coletivas, pressão da sociedade, fundos acionistas da Vale, que podem não se tornarem mais. Então assim, há muitos desdobramentos a serem assistidos. A empresa está longe de estar no fundo do poço, mas está em uma situação grave, em um difícil momento", analisou.

Fed foi boa surpresa

Para Pablo Spyer, diretor de operações da Mirae Asset, a reunião do Fed, que estava em segundo plano, impulsionou os ganhos nos negócios locais, após a decisão de Jerome Powell. "O dólar estava estável e depois repôs bem. A bolsa também acelerou a alta. Ou seja, o mercado entendeu que as falas de Powell confirmaram a expectativa positiva."

Powell afirmou que eventuais aumentos da taxa de juros norte-americana ocorrerão em hiatos maiores, além de que o nível da política monetária está apropriado. Segundo ele, o protagonismo do fim do dia relaciona-se com a decisão do BC norte-americano, nos Estados Unidos. "O mercado já estava em alta com a Vale. Porém, a decisão do Fed levantou o mundo inteiro, e, a partir daquele momento (17h), muitas ações perfomaram bem, inclusive as da Vale", analisou. O dólar encerrou o dia em queda de 0,35%, negociados a R$ 3,708 a venda.

* Estagiário sob a supervisão de Roberto Fonseca

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