Agência Estado
postado em 08/02/2019 12:11
Após anos de tentativas e frustrações para aprovação de uma reforma profunda da Previdência Social, o desfecho poderá ser diferente neste ano, aponta o jornal britânico Financial Times nesta sexta-feira, 8. "Houve uma boa notícia nesta semana no Brasil quando surgiu um rascunho dos planos do governo para reverter o déficit do sistema previdenciário", diz a reportagem.
Na segunda-feira, 4, o Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) divulgou com exclusividade uma minuta preliminar de Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para reformular a Previdência.
O texto foi confirmado por três fontes que participam da elaboração da reforma. Duas fontes da área econômica confirmaram que se tratava de versão preliminar e ainda há possibilidade de mudanças. Ainda há discussão, por exemplo, se a idade mínima final será a mesma para homens e mulheres.
"A proposta vazada nesta semana foi a mais radical até agora", avalia o FT. Entre os pontos citados estão a idade mínima de 65 anos para aposentadoria a todos - homens e mulheres dos setores público e privado e 40 anos de contribuição para garantir acesso ao teto do benefício. "Para muitos do setor público, que esperam uma 'gorda aposentadoria aos cinquenta e poucos anos', a proposta é uma janela para um mundo mais duro", afirma.
Diante do histórico recente, o Financial Times pondera que a minuta poderia ter sido um balão de ensaio para "aferir a reação entre políticos e a população". "Se for este o caso, a reação foi mais amena do que o esperado. Outros alegam que o vazamento foi feito para mobilizar a oposição. Neste caso, a intenção não surtiu efeito", diz o texto.
O Financial Times aponta, entretanto, que investidores não devem antecipar o otimismo. Analistas consultados pela reportagem argumentam que há risco de diluição da proposta, deixando uma resolução mais efetiva para os próximos anos.
"É certo que qualquer plano será alvo de ataques. Esperanças de que haja um progresso veloz da pauta serão quase certamente desfeitas. Para investidores que precisam avaliar se o rali dos ativos brasileiros ainda tem espaço, o formato que a reforma tomará segue frustrantemente desconhecido", finaliza a reportagem.