Economia

Governo traça plano para convencer população sobre reforma da Previdência

Entre a estratégia está a divulgação de dados sobre como é o regime de previdência em outros países

Agência Estado
postado em 09/02/2019 14:05
Alcolumbre (E) deve formar comissão no Senado para acompanhar os debates da reforma da Previdência proposta por Paulo Guedes (D)A equipe econômica está reunindo informações que serão usadas na campanha de convencimento da população sobre a reforma da Previdência. Os primeiros alvos devem ser os pontos considerados mais sensíveis e que foram atacados após ovazamento de minuta da proposta, como o pagamento de benefícios assistenciais abaixo do salário mínimo. Foram coletados dados de outros 18 países, mostrando que nenhum deles faz a vinculação desse tipo de benefício - que não exige contribuição anterior - ao piso salarial.

Na reforma do ex-presidente Michel Temer, a oposição usou essa mudança para atacar a proposta com o mote de que o governo prejudicaria os idosos mais pobres. Agora, a equipe do presidente Jair Bolsonaro contra-ataca dizendo que vai antecipar a concessão do benefício assistencial. "Vamos dar um dinheiro que ele não tem hoje", diz uma fonte que participa das discussões.

A área econômica propõe que os brasileiros de baixa renda (com renda familiar per capita inferior a um quarto do salário mínimo) comecem a receber R$ 500 a partir dos 55 anos, quando a capacidade de trabalho começa a diminuir - e, consequentemente, o salário. Esse valor aumentaria a R$ 750 a partir dos 65 anos. Para pessoas com deficiência sem condições de sustento, o benefício seria maior, de R$ 1 mil, independentemente da idade.

Países

Na lista de 18 países estão Espanha, Portugal, Chile, França, México e Coreia do Sul. A média entre esses países é que o benefício seja equivalente a 45% do salário mínimo. Eles garantem o reajuste do benefício, geralmente pela inflação, mas nenhum vincula ao salário mínimo. A comparação internacional traçada pelo governo mostra ainda que esse tipo de benefício costuma representar em média 18,4% do PIB per capita de cada país, mas no Brasil é quase o dobro: 33%.

Na reforma de Temer, a desvinculação foi um dos primeiros pontos retirados da reforma em 2017. Na visão do atual governo, porém, a decisão de antecipar a concessão do benefício (a partir dos 55 anos) e permitir que ele seja recebido mesmo por quem ainda trabalha é um grande diferencial. Desde que se enquadre na faixa de renda definida para fazer jus ao benefício, o trabalhador poderá ter esse complemento no rendimento da família.

"Quem for contra isso na verdade não está beneficiando o mais pobre, está prejudicando", afirmou a fonte que participa das discussões. Na reforma do governo passado, a proposta era adiar dos atuais 65 anos para 70 anos o direito ao benefício assistencial, que poderia ser menor que o mínimo.

Além disso, de acordo com essa fonte, a proposta é que o trabalhador que conseguir contribuir para a aposentadoria possa acumular os dois benefícios, previdenciário e assistencial, desde que se enquadre na baixa renda.

Senado

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), planeja formar uma espécie de comissão especial na Casa para acompanhar os debates da reforma da Previdência.

O objetivo é fazer com que os senadores já estejam por dentro dos trechos da proposta que endurece as regras para se aposentar no Brasil e também das possíveis alterações a serem feitas pelos deputados. Isso ajudaria, na avaliação de Alcolumbre e aliados, o Senado a apreciar o texto de forma mais rápida.

A ideia é que esteja comissão seja formada por dois ou três senadores. O nome mais cotado para conduzir esse trabalho é o do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), que apoiou a eleição de Alcolumbre contra o senador Renan Calheiros (MDB-CE).

Na Câmara, os senadores acompanhariam os trabalhos como observadores e informariam os colegas sobre as discussões.

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