Agência Estado
postado em 15/02/2019 19:58
Os mercados acionários americanos apresentaram alta expressiva nesta sexta-feira, 15, alimentados por sinais de que a redução do balanço patrimonial do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) pode acabar este ano e pelo otimismo em torno das negociações comerciais entre Estados Unidos e China em Pequim, o qual já se fazia presente em pregões anteriores. Comentários do presidente americano, Donald Trump, sobre a questão comercial também foram monitorados, enquanto a declaração de emergência nacional para a construção de um muro na fronteira dos EUA com o México ficou em segundo plano.
Na Bolsa de Valores de Nova York (Nyse), o índice Dow Jones chegou ao fim do dia com 25.883,25 pontos, em alta de 1,74% no dia e de 1,33% na semana. Ainda em Wall Street, o S 500 subiu 1,09%, para 2.775,50 pontos, com ganho semanal de 1,40%. O índice eletrônico Nasdaq, por sua vez, avançou 0,61% nesta sexta e 1,76% na semana, para 7.472,41 pontos.
O presidente americano cumpriu a promessa de campanha. Durante a tarde desta sexta-feira, ele enviou uma carta ao vice-presidente, Mike Pence, e à presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, onde afirma que declarou emergência nacional relacionada à fronteira sul do país. O ato havia sido antecipado ainda na quinta-feira tanto pela Casa Branca quanto por líderes republicanos no Congresso. Ainda assim, os valores estavam imprecisos. O chefe de gabinete interino do governo, Mick Mulvaney, indicou, antes de um pronunciamento de Trump, que destinaria US$ 6,7 bilhões para a segurança na fronteira, o que, acrescido do valor de US$ 1,4 bilhão contido no programa orçamentário deste ano, somaria pouco mais de US$ 8 bilhões para a construção de um muro fronteiriço.
O assunto, contudo, já estava precificado nos mercados. Após a oficialização, os principais indicadores acionários nova-iorquinos até chegaram a apagar um pouco os ganhos do dia, mas voltaram a se recuperar. As bolsas já abriram no positivo enquanto monitoravam questões relacionadas às conversas comerciais em Pequim. Por lá, não houve muito progresso. No entanto, as negociações continuarão na próxima semana à medida que o prazo de 1º de março se aproxima. Trump, aliás, voltou a dizer que pode estender esse limite caso um acordo esteja "muito próximo" de ser concluído. O otimismo no setor industrial (+1,34%) foi generalizado: Boeing subiu 1,99%, 3M ganhou 1,92%, Caterpillar avançou 2,60% e Lockheed Martin teve alta de 2,07%.
"Entendemos que um aumento adicional nas tarifas pode ser evitado e que um acordo de curto prazo pode intensificar o rali nos ativos de risco, mas continuamos a acreditar que a disputa comercial EUA-China é um sintoma de um conflito muito mais profundo para a supremacia tecnológica e que se revelará muito mais difícil de se resolver", comentou o chefe de investimentos globais do UBS, Mark Haefele. O banco suíço acredita que a economia chinesa crescerá 6,1% este ano, o que indica forte desaceleração na comparação com 2018, quando o Produto Interno Bruto (PIB) chinês teve expansão de 6,6%.
Ainda mais cautela às questões sobre a economia global pode ser adicionada após novos dados dos EUA. A indústria do país produziu 0,6% menos em janeiro na comparação com dezembro e acabou frustrando as projeções de alta de 0,1%. O Goldman Sachs, que já havia cortado as estimativas de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA do quarto trimestre do ano passado, voltou a reduzir suas projeções. Agora, o banco prevê expansão anualizada de 1,9% em relação aos três meses anteriores. Antes, esperava 2,0% de crescimento.
Atento aos sinais de desaceleração da economia americana, o Fed voltou a aparecer. Dessa vez, foi Mary Daly, que não tem direito a voto em 2019, que indicou que o enxugamento do portfólio de ativos do banco central pode acabar este ano e que as taxas de juros podem não subir caso a performance da economia fique em linha com o esperado por ela. Mesmo assim, foi o setor financeiro (+1,86%) que liderou a alta no dia, com o salto de ações de bancos como Goldman Sachs (+3,10%), JPMorgan (+3,06%), Citigroup (+2,96%) e Morgan Stanley (+3,12%).