Jornal Correio Braziliense

Economia

Popeyes supera as expectativas do Burger King

Recém-chegada, segunda maior rede de frango frito do mundo colhe no Brasil resultados acima do esperado por seu controlador. Previsão é abrir 300 lojas nos próximos 10 anos

Rio de Janeiro ; Em outubro do ano passado, o Burger King Brasil (BKB) inaugurou, sem alarde e com surpreendente discrição, a primeira loja da rede Popeyes no Brasil. O local escolhido foi o Shopping Metrô Itaquera, na zona leste de São Paulo, conhecido pelo enorme fluxo de visitantes e pelo bom desempenho das redes de apelo popular.

Quatro meses depois, e com outras 10 unidades inauguradas no país desde então, o Burger King Brasil está colhendo resultados iniciais substancialmente acima do esperado na Popeyes Lousiana Kitchen, a marca de frango frito que a operadora trouxe para o Brasil no ano passado. A informação foi transmitida ao Estado de Minas/Correio Braziliense por pessoas próximas à companhia. O BKB declinou de comentar o assunto, porque o grupo está em período de silêncio antes da divulgação de resultados, no próximo dia 27.

Nas poucas lojas da rede que já operam no Brasil, a demanda tem sido substancialmente acima do projetado e o investimento por loja demonstrou ser inferior ao que havia sido orçado. A combinação desses dois aspectos está resultando numa rentabilidade agressiva, superior inclusive a da principal concorrente da Popeyes no Brasil, a rede KFC. À luz dos números, a companhia planeja agora acelerar os planos de expansão.

Como a base de lojas ainda é pequena, os resultados animadores obviamente não têm efeito imediato sobre os resultados do Burger King Brasil, mas aumentam a visibilidade do crescimento futuro da companhia, que inicialmente relutou em trazer a marca para o mercado brasileiro.

O Popeyes tem apenas 10 lojas no país, toda todas elas instaladas em São Paulo, e a expectativa da empresa é inaugurar pelo menos 300 endereços nos próximos 10 anos, escolhendo sempre as grandes capitais. Além de São Paulo, estão no radar da empresa cidades, como Belo Horizonte e Rio de Janeiro.

Em 2019, a previsão do Burger King Brasil é abrir entre 20 e 25 restaurantes Popeyes no país. Nos primeiros anos, a rede não deve trabalhar com franquia. Segundo uma fonte próxima à empresa, todas as lojas serão próprias.

A culinária da Popeyes é típica do sul dos Estados Unidos, mas foi tropicalizada com acompanhamentos mais ao gosto do brasileiro. Além disso, no Brasil a Popeyes também oferece uma linha de sanduíches de frango, um produto que não existe na rede americana.

Fundada em Nova Orleans em 1972, a Popeyes é a segunda maior marca de fast-food de frango do mundo, atrás apenas do KFC, e conta com mais de 3 mil restaurantes espalhados por 30 países. Em 2017, a rede faturou no mundo US$ 3,7 bilhões.

O Brasil representa um mercado com enorme potencial. De acordo com os mais recentes dados disponíveis, cada brasileiro consome, em média, 105 quilos de proteína animal por ano. Desse total, apenas 42,7 quilos são carne de frango. O crescimento das redes de frango frito devem ser um fator importante para alavancar essa participação.

Milhares de empregos

Não à toa, as duas maiores redes de fast-food de frango frito do mundo, a Popeys e a KFC, escolheram o Brasil como prioridade para a expansão dos negócios. Enquanto a primeira definiu a estratégia de abrir 300 lojas no país nos próximos 10 anos, a segunda quer ter 500 novos endereços no mesmo período. Juntas, as duas redes devem investir R$ 2,1 bilhões e gerar milhares de empregos.

O curioso é que a guerra do frango envolverá pesos-pesados do meio empresarial brasileiro. A Popeys foi comprada no ano passado pela Restaurant Brands, dona do Burger King, por US$ 1,8 bilhão. A Restaurant Brands é controlada pelo grupo 3G Capital, dos brasileiros Jorge Paulo Lemman, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles.

Na outra trincheira da concorrência está o empresário Carlos Wizard Martins, que fez fortuna com a rede de idiomas e que agora investe no setor de alimentação, com marcas como KFC, Pizza Hut e Taco Bell. A briga deverá ser intensa nos próximos anos.