Economia

TIM faz planos para o Brasil

Como o mercado nacional tem dado lucro, na contramão dos prejuízos globais, a companhia pretende fortalecer negócios no país pelos próximos três anos, reforçando a filial tupiniquim

Nelson Cilo
postado em 25/02/2019 06:03

Operadora deseja expandir área de cobertura e ampliação do sinal 4G, atualmente a rede mais veloz para transmissão de dados

São Paulo ; Durante vários anos, o mercado financeiro apostou que a empresa de telefonia TIM no Brasil seria vendida ou acabaria se fundindo com alguma concorrente em dificuldade, como a Oi ou a Nextel. Analistas do setor enxergam que a baixa rentabilidade do ramo de telefonia celular, provocada por uma sangrenta guerra de preços entre as companhias, além da extinção de receitas com SMS e tarifas entre operadoras diferentes, inviabilizaria o futuro da operação.

Contudo, não é isso que a matriz italiana da TIM está enxergando. Na noite da quinta-feira passada, o conselho de administração da empresa, na Itália, aprovou o plano industrial para o triênio 2019-2021, que tem como objetivo relançar a operação na Itália e reduzir a dívida para 22 bilhões de euros, de acordo com reportagem da agência de notícias Ansa. Para o plano industrial da companhia no triênio anterior, de 2017 a 2019, foram definidos investimentos de R$ 12 bilhões no país.

A estratégia é, basicamente, turbinar os negócios da companhia no Brasil, em lugar de vender a subsidiária. Ao fim do encontro entre executivos e conselheiros, ficou definido que o plano de expansão global da TIM terá como pilar ;reforçar; a filial brasileira, ;explorando oportunidades de crescimento e prosseguindo a migração para o pós-pago;.

A matriz italiana, de acordo com a Ansa, aposta em crescimento de 3% a 5% das receitas com serviços na operação brasileira em 2019, desconsiderando fatores cambiais. A aprovação do plano pelo conselho ocorreu no mesmo dia em que TIM e Vodafone, grandes adversárias no mercado europeu de telefonia fixa e móvel, concretizaram inédita parceria para compartilhar a rede 5G e integrar sua estrutura de 22 mil torres dentro do território italiano.

O plano, apresentado pelo CEO Luigi Gubitosi, é o primeiro elaborado sob o comando da gestora americana Elliott. No ano passado, a empresa venceu a disputa com o grupo francês Vivendi, atualmente o maior acionista da companhia, pelo controle do conselho.

A aposta da TIM no mercado brasileiro é uma alternativa para a companhia se reconectar com o lucro. No ano passado, a empresa italiana registrou no mundo prejuízo de 1,4 bilhão de euros. As perdas foram atribuídas à desvalorização do aviamento (lucro potencial) em 2,59 bilhões de euros, medida tomada a contragosto do então CEO Amos Genish.

Na contramão dos prejuízos globais, a TIM Brasil encerrou 2018 com crescimento de 5% nas receitas líquidas, que chegaram a R$ 17,050 bilhões. Já o lucro da empresa disparou 26,6%, alcançando R$ 1,566 bilhão. Todos esses resultados foram divulgados pela operadora na noite da última terça-feira, e também incluem um Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortizações) de R$ 6,563 bilhões, aumento de 10,3% na comparação com o ano anterior.

Considerando-se apenas o quarto trimestre, a receita foi de R$ 4,479 bilhões, com elevação de 5,2%, e o lucro, de R$ 592 milhões, queda de 2,1%. Já o Ebitda no período foi de R$ 1,868 bilhão, tendo crescido 5,6%, maior resultado da história da empresa. Segundo a companhia, a TIM segue em sua estratégia de apostar no segmento pós-pago, que atingiu 36,2% da base de clientes, e na ultrabanda larga, que registrou alta de 19,1%, chegando a 467 mil conexões.

Tecnologia

A estratégia da TIM de vitaminar a operação brasileira passa, principalmente, pela expansão da área de cobertura e ampliação do sinal 4G, a rede mais veloz para transmissão de dados atualmente no país. Segundo a consultoria Teleco, a TIM já é líder em cobertura 4G.

A empresa de telecomunicações opera em mais de 385 municípios, totalizando 1.850 cidades cobertas com a tecnologia de quarta geração. Desde setembro de 2015, segundo a operadora, é dona da maior rede 4G no Brasil, e em breve, cobrirá mais de 90% da população urbana do país com a tecnologia, ;possibilitando uma melhor experiência para seus clientes no uso de dados.;

Os resultados da companhia no primeiro trimestre do ano mostram que cerca de 70% do tráfego de dados dos seus usuários já é gerado por meio de dispositivos 4G. A operadora foi a pioneira na agregação de três frequências utilizadas no 4G (1.800MHz, 2.600MHz e 700MHz nos locais onde já houve a ativação), melhorando principalmente a experiência indoor de navegação móvel de seus usuários.

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