Economia

No Senado, novo presidente do BC critica intervencionismo e elogia Goldfajn

Campos Neto vai substituir o atual presidente do BC, Ilan Goldfajn, que foi responsável por ancorar as expectativas de inflação e juros e reduziu a taxa Selic para 6,5% ao ano

Hamilton Ferrari
postado em 26/02/2019 11:09
À mesa, indicado para exercer o cargo de presidente do Banco Central do Brasil, Roberto de Oliveira Campos Neto
Indicado para presidir o Banco Central (BC), o economista Roberto Campos Neto disse, durante sabatina no Senado Federal, que deve dar continuidade aos trabalhos da atual gestão. Segundo ele, desde meados de 2016 a atuação da autoridade foi ;excelente; e afirmou que pretende manter a transparência, a cautela, a serenidade e a perseverança na condição da política monetária. As declarações foram dadas na manhã desta terça-feira (26/2) na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) na Casa Legislativa.

O economista chegou por volta de 10h26 na sessão. A sabatina está sendo o principal fator de atenção dos agentes do mercado de ativos brasileiros. Campos Neto vai substituir o atual presidente do BC, Ilan Goldfajn, que foi responsável por ancorar as expectativas de inflação e juros e reduziu a taxa Selic para 6,5% ao ano, que é considerada o menor nível da história.

Até agora, Roberto Campos Neto não tinha dado tantas dicas de como a política monetária será adotada. Mas, durante a sabatina, o economista sinalizou que está alinhado com o que foi praticado na gestão de Goldfajn. ;O trabalho realizado pelo Banco Central desde meados de 2016 foi excelente;, ressaltou. ;Conseguiu reduzir a inflação e balizar as expectativas. Esse trabalho só foi possível, a meu ver, com o reforço da credibilidade institucional, que se encontrava abalada pelos resultados negativos colhidos em 2015 e em parte de 2016;, completou.

O economista criticou as políticas públicas adotadas durante os governos petistas. ;Políticas econômicas excessivamente intervencionistas levaram ao aumento da inflação e a uma recessão profunda, com uma grave piora das contas públicas;, afirmou Campos Neto. ;O ano de 2015 se encerrou com a inflação em quase 11% e sem perspectivas sólidas de reversão. Nesse quadro o PIB recuou cerca de 7% no acumulado de 2015 e 2016;, completou.

Campos Neto declarou que o estado brasileiro ficou grande demais e custoso. Destacou que o país não pode se deixar ;seduzir pela falácia do estímulo inflacionário e da intervenção estatal;. ;Afinal, como demonstra a literatura econômica, não existe incompatibilidade entre estabilidade de preços e desenvolvimento econômico;, ressaltou. ;À frente do Banco Central, manterei seu trabalho incansável na busca do cumprimento de sua missão de assegurar a estabilidade do poder de compra da moeda, entendida como o cumprimento da meta para a inflação definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), e de assegurar um sistema financeiro sólido e eficiente;, enfatizou.

Sabatina


A aprovação de Roberto Campos Neto deve ser feita sem grandes dramas. A CAE conta com 27 senadores, sendo que a tendência é que ele tenha apoio de 20 parlamentares. O Senado também vai sabatinar Bruno Serra Fernandes e João Manoel Pinho de Mello, indicados para a diretoria do BC, além de Flávia Martins Sant;Anna Perlingeiro, que deve assumir a diretoria da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Neto do economista e ex-ministro Roberto Campos, Roberto de Oliveira Campos Neto, 49 anos, se formou em 1993 na Universidade da Califórnia, em Los Angeles, onde também concluiu o mestrado na mesma instituição. Começou a carreiro no Banco Bozano Simonsen, mas a maior parte da carreira foi dedicada ao Banco Santander.
[VIDEO1]

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação