Hamilton Ferrari
postado em 26/02/2019 11:25
O economista Roberto Campos Neto disse, durante sabatina no Senado Federal, que irá trabalhar para a modernização do sistema financeiro brasileiro. Ele foi indicado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, para presidir o Banco Central (BC). De acordo com ele, é preciso promover programas de microcrédito e estímulo ao cooperativismo, além de preparar o Brasil para as novas tecnologias como blockchain, inteligência artificial e outras inovações.
;O microcrédito permite o contato prático da população com conceitos financeiros em um ambiente simplificado e de risco controlado. Enquanto as cooperativas de crédito, por trazerem o cooperado para o centro das decisões, criam um ambiente para troca de experiências que promove e consolidação do espírito empreendedor e de importantes conceitos financeiros. Experiências internacionais demonstram o sucesso dessas políticas;, destacou o indicado.
As declarações foram dadas na manhã desta terça-feira (26/2) na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) na Casa Legislativa. Segundo ele, caso receba o voto de confiança do Senado, trabalhará na modernização de Sistema Financeiro Nacional (SFN), ;de modo a garantir que ele continue líquido, capitalizado e bem provisionado;.
;Precisamos considerar exemplos bem sucedidos e buscar adequá-los à realidade de nosso país e de cada uma de nossas regiões;, disse. ;É crucial pensar hoje em como será o sistema financeiro no futuro e preparar o Banco Central do Brasil para desempenhar apropriadamente suas funções nesse novo ambiente, que será certamente baseado em tecnologia e no fluxo rápido de informação. Novas tecnologias como blockchain, o uso de inteligência artificial, identidade digital, pagamentos instantâneos, open banking, dentre outras inovações, estão alterando completamente os modelos de negócios e os serviços financeiros;, acrescentou.
Agenda BC%2b
De acordo com o economista, a Agenda BC trouxe transparência ao processo de modernização, garantindo que dará continuidade à política. ;A Agenda BC é importante para todo o país, com claros benefícios para a sociedade, tanto imediatos como de longo prazo, e eu pretendo mantê-la e expandi-la, buscando sempre inovação e eficiência, de modo a posicionar o Brasil para as mudanças que temos vivenciado e que se intensificarão nos próximos anos;, disse.
Também apontou que é preciso avançar nas mudanças que permitam o desenvolvimento do mercado de capitais, ;democratizando e garantindo o acesso a firmas e investidores, brasileiros e estrangeiros, grandes e especialmente pequenos;, disse. ;Precisamos também criar mecanismos para aumentar a transparência no setor financeiro, com instrumentos para provisão de informação e que deem maior visibilidade às opções à disposição de poupadores e investidores;, completou.
Sabatina
O economista chegou por volta de 10h26 na sessão. A sabatina está sendo o principal fator de atenção dos agentes do mercado de ativos brasileiros. Campos Neto vai substituir o atual presidente do BC, Ilan Goldfajn, que foi responsável por ancorar as expectativas de inflação e juros e reduziu a taxa Selic para 6,5% ao ano, que é considerada o menor nível da história.
A aprovação de Roberto Campos Neto deve ser feita sem grandes dramas. A CAE conta com 27 senadores, sendo que a tendência é que ele tenha apoio de 20 parlamentares. O Senado também vai sabatinar Bruno Serra Fernandes e João Manoel Pinho de Mello, indicados para a diretoria do BC, além de Flávia Martins Sant;Anna Perlingeiro, que deve assumir a diretoria da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Neto do economista e ex-ministro Roberto Campos, Roberto de Oliveira Campos Neto, 49 anos, se formou em 1993 na Universidade da Califórnia, em Los Angeles, onde também concluiu o mestrado na mesma instituição. Começou a carreiro no Banco Bozano Simonsen, mas a maior parte da carreira foi dedicada ao Banco Santander.