Bernardo Bittar
postado em 27/02/2019 16:09
Para negociar a reforma da Previdência, parlamentares estão dispostos a aceitar cargos e emendas oferecidas pelo ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni. Ele prometeu ao grupo de líderes da Câmara que os espaços nos estados vão ser disponibilizados para as indicações dos políticos e garantiu que não haverá política econômica de intervenção do governo (contingenciamento) das emendas parlamentares individuais.
[SAIBAMAIS]Em entrevista coletiva na Câmara, nesta quarta-feira (27/2), a deputada Joice Hasselman (PSL-SP), agora tratada como "braço direito do ministro Onyx Lorenzoni" após ser nomeada como líder do governo no Congresso, afirmou que "não há problema nenhum nessas indicações. Ora, vamos indicar inimigos?". Questionada pelo Correio, se distribuir cargos e emendas não seria o "toma lá, dá cá" rejeitado pelo presidente Jair Bolsonaro durante a campanha eleitoral, respondeu que "de forma nenhuma".
"Não tem ninguém procurando ninguém com cargos ou emendas estaduais. O que está acontecendo é o amadurecimento de uma conversa. Nosso presidente sempre foi muito claro quando diz que não haverá ;toma lá, dá cá;. O problema não é a indicação, o problema é a corrupção. O que o governo sempre disse é que as pessoas (indicadas) serão qualificadas para aqueles espaços. Toda com passado ilibado. Qual o problema disso? Existem, claro, espaços para serem ocupados. A gente vai colocar inimigos?", respondeu.
Sobre os pontos divergentes da reforma da Previdência, Joice respondeu que "na reunião dos líderes tratamos de questões polêmicas. Não vai haver imposição. Temos que entender que a reforma tem uma espinha dorsal: a economia que tem que gerar. Foi o que acabamos de conversar com o ministro (da Economia) Paulo Guedes. Eu, (o presidente da Câmara, Rodrigo) Maia (DEM-SP) e o Davi (Alcolumbre, do DEM-AP). A gente vai conversar com o parlamento. Mas precisamos manter uma economia de R$ 1 trilhão. Não será uma reforma da previdência manca)", acrescentou.
Após o citar o termo "reforma da Previdência", Joice se corrigiu, dizendo tratar-se da "nova Previdência". Ela afirmou, ainda, que o presidente Jair Bolsonaro poderá ser o garoto-propaganda do projeto. A líder governista no Congresso disse que, na última reunião de líderes, surgiu o convite para que Bolsonaro assuma a função, por ser, nas palavras dela, "um fenômeno de comunicação nas redes". "Ele foi chamado para fazer essa campanha e está disposto a realmente defender (o projeto). E a gente vai construir o melhor caminho de comunicação".
A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), primeiro passo para aprovação do texto, será instaurada "depois do carnaval". A PEC foi entregue à Câmara há uma semana. Agora, tem que passar pela (CCJ, que analisa a constitucionalidade ; sem analisar o mérito do texto. Se a CCJ aprovar, será criada uma comissão especial para discutir os detalhes. Depois, a proposta vai para o plenário, onde precisa de 308 votos.