Agência Estado
postado em 12/03/2019 17:58
O IPCA de fevereiro acima da previsão dos analistas não impediu que os juros dessem sequência, desde a abertura da sessão nesta terça-feira, 12, ao movimento de queda já registrado na segunda, ainda motivada pelas perspectivas positivas para a tramitação da reforma da Previdência e pela manutenção do apetite ao risco de ativos emergentes, realimentado pelos dados comportados da inflação ao consumidor nos Estados Unidos.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2020 fechou a etapa regular com taxa de 6,415%, na mínima, de 6,445% na segunda no ajuste, e a do DI para janeiro de 2021 caiu de 7,061% para 7,02%. A taxa do DI para janeiro de 2023 fechou em 8,09%, de 8,152%, e a do DI para janeiro de 2025 recuou de 8,672% para 8,62%.
"O IPCA de hoje (terça) engana. Parece que é ruim, mas foram pressões sazonais e os núcleos estão bem comportados. Isso, conjugado com o dado de inflação lá fora, dá viés de baixa para a política monetária aqui e no exterior, o que ajuda câmbio e o DI", disse o sócio-gestor da LAIC-HFM, Vitor Carvalho. O IPCA subiu 0,43% em fevereiro, ante 0,32% em janeiro. O dado ficou acima do teto das estimativas coletadas pelo Projeções Broadcast, que iam de 0,30% a 0,42%. Em 12 meses, acumulou 3,89%, variação ainda bem abaixo da meta de inflação de 4,25% para 2019.
Dada a percepção de que a inflação não será empecilho para a política monetária, agora a grande expectativa é pelos dados de atividade que saem ao longo da semana. Nesta quarta, será divulgada a Pesquisa Industrial Mensal (PIM) e a mediana das estimativas aponta para queda de 0,27% na produção em janeiro. Na quinta-feira, sai a Pesquisa Mensal de Comércio (PMC). "Toda a dúvida agora é saber em que grau se dá a desaceleração da atividade. Se os dados vierem ruins, ganha força o debate sobre a queda da Selic ainda este ano", diz um gestor.
Por ora, a curva segue precificando majoritariamente Selic estável em 6,50% até o fim do ano.
Nos Estados Unidos, o índice de preços ao consumidor subiu 0,2% em fevereiro ante janeiro, e o núcleo avançou 0,1%, ficando um pouco abaixo da projeção de alta de 0,2%. Na comparação anual, o CPI subiu 1,5% e seu núcleo, 2,1%, ante expectativas de 1,6% e 2,2%. Os números respaldam a sinalização do Federal Reserve de que deve manter os juros inalterados ao longo do ano, o que pressionou para baixo o rendimento dos Treasuries. Perto das 17h, a taxa da T-Note de dez anos apontava 2,601%, de 2,64% na segunda no ajuste.
Sobre a reforma da Previdência, o noticiário não avançou nesta terça-feira, mas os investidores seguem alimentando grande expectativa com relação à aprovação este ano. Nesta quarta será instalada a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), por onde a proposta começará a tramitar. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que a reforma deverá ser votada pela CCJ até o dias 27 ou 28 de março, o que já era esperado pelo mercado.