Economia

Goldfajn diz que sai da presidência do BC com sensação de dever cumprido

Durante o discursos, destacou os avanços obtidos nos últimos anos e ressaltou que ainda há muito trabalho pela frente, com destaque para a autonomia do BC

Hamilton Ferrari
postado em 13/03/2019 17:04

IIan Goldfajn, presidente do Banco Central, em 10 de janeiro de 2018


Em despedida da presidência do Banco Central (BC), IIan Goldfajn disse que sai do cargo com a sensação de dever cumprido. Ele ressaltou que a gestão da política monetária permitiu a redução das taxas de juros e da inflação, por meio de uma comunicação mais simples e concisa à sociedade. As declarações foram dadas na tarde desta quarta-feira (13/3) na sede da autoridade monetária.

;Esses últimos anos no BC foram extraordinários. Poder servir à sociedade como presidente do BC é uma experiência inigualável. Não porque tenha me divertido: acorda-se diariamente com o peso do dever e a responsabilidade de liderar uma instituição que é responsável pela estabilidade financeira e monetária do país. Mas a sensação de dever cumprido torna a experiência mais do que recompensadora;, declarou Goldfajn.

Para ele, a ação firme do BC em busca da meta de inflação, permitiu uma desinflação relevante. ;Indo de quase 11% no começo de 2016 para em torno de 4% esse ano e no próximo;, ressaltou o ex-presidente do BC. Além disso, a taxa Selic caiu, no período, de 14,25% ao ano para 6,5% ao ano.

Goldfajn destacou que sua gestão baseou na concretude de uma comunicação simples, direta e concisa. ;O aumento de transparência, através dos canais formais de comunicação, contribuiu para conseguirmos alinhar expectativas e projeções de inflação às metas de inflação para os próximos anos, objetivo principal do BC;, defendeu.

O ex-presidente do BC ressaltou que os empréstimos voltaram a subir em 2018, após alta de 5,5%, enquanto o crédito com recursos livres cresceu 11,2% no mesmo período.

;A taxa de juros do Índice de Custo de Crédito (ICC), que mede os juros médios cobrados em todo o estoque de crédito do sistema, recuou para 20,45% ao ano (a.a) em dezembro de 2018. A queda no segmento livre do ICC foi de 7 pontos percentuais entre maio de 2016 e dezembro de 2018;, lembrou. ;Entre maio de 2016 e dezembro de 2018, o custo do (cartão de crédito) rotativo regular recuou de 437% a.a. para 268% a.a., um recuo de 169 p.p. No mesmo período, o custo do rotativo não regular recuou 199 p.p. Desse modo, o custo total do crédito rotativo caiu quase pela metade, de 475% a.a. para 285% a.a;, ponderou.

Desafios

Desejando boa sorte, Goldfajn diz que o próximo presidente do BC, Roberto Campos Neto, terá um grande desafio pela frente. ;Há muito ainda a ser feito tanto no BC quanto na política econômica como um todo;, alertou. ;A Agenda BC%2b é viva. Tem ações que ainda não se materializaram e outras que naturalmente devem surgir. Entre as ações futuras queria ressaltar uma: a autonomia do Banco Central do Brasil. É necessário tornar a atual autonomia de facto em uma autonomia de jure. Seria um passo natural e contribuiria para reduzir o risco Brasil e elevar o crescimento de forma sustentável;, justificou

Desafios Goldfajn disse que considera que têm ;a direção correta; a política econômica anunciada pelo atual governo. ;O governo está imbuído do propósito de levar à frente reformas estruturais importantes para colocar as nossas contas públicas em ordem e melhorar o ambiente de negócios em nosso país;, disse. ;Nesse sentido queria desejar bom trabalho e boa sorte ao novo presidente e à diretoria do BC, inclusive aos novos diretores Bruno (Serra, diretor de Política Monetária) e João Manoel (diretor de Organização do Sistema Financeiro). Roberto Campos Neto tem toda a experiência necessária e a qualidade para liderar com excelência o BC e contribuir de forma decisiva para a política econômica do país;, finalizou.

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