O dólar voltou a subir nesta quinta-feira (14/3) e fechou em alta de 0,93%, em R$ 3,8489. Após cair nos quatro últimos pregões, investidores realizaram lucros e reforçaram as compras da moeda americana, acompanhando a valorização da divisa no exterior, ante moedas como euro e libra, e de emergentes, em meio a novos indícios de desaceleração da economia mundial, demora de um acordo entre Pequim e Washington e das indefinições sobre a saída do Reino Unido da União Europeia, o Brexit. Preocupações com a reforma da Previdência também pesaram e, por isso, o real foi a moeda que mais perdeu valor ante o dólar nesta quinta, considerando uma lista das 24 principais divisas internacionais.
O dólar operou em alta desde a abertura, chegou na máxima do dia, em R$ 3,8548, em meio a votações no Parlamento britânico sobre medidas para o Brexit, algumas delas rejeitadas, causando estresse nos mercados de moedas. No final, o Parlamento aprovou projeto para pedir adiamento da saída ao menos até 30 de junho. Antes disso, dados da produção industrial da China, que mostraram expansão abaixo do esperado no primeiro bimestre, no menor ritmo em 17 anos, já haviam provocado aumento da aversão ao risco e fortalecimento do dólar.
No mercado doméstico de câmbio, não repercutiu bem nas mesas a decisão do governo de entregar ao Ministério da Economia um projeto de mudança da Previdência dos militares que prevê aumento dos salários da categoria. O operador de câmbio e juros da CM Capital Markets, Thiago Silêncio, ressalta que a decisão foi recebida com desconforto e cautela pelas mesas, pois exige aumento de gastos do governo em um momento de necessidade de cortes. O operador ressalta que após o real ser uma das moedas que mais se valorizaram perante o dólar nos últimos dias, era esperado um movimento de realização de lucros.
Os estrategistas em Nova York do grupo financeiro japonês Nomura veem o real no meio de duas forças nos próximos meses, a pressão externa e os desdobramentos da reforma da Previdência no Congresso. A desaceleração da economia mundial pode pesar no real, a moeda da América Latina mais sensível a notícias externas, segundo os economistas da instituição. O Nomura alterou suas projeções para o dólar no Brasil e agora espera a moeda subindo a R$ 3,95 no segundo trimestre, ante R$ 3,70 da estimativa anterior. Para o quarto trimestre, a previsão foi elevada de R$ 3,60 para R$ 3,95. Já para 2020, a alta do dólar deve perder força, por conta dos reflexos da provável aprovação da reforma da Previdência, e a moeda pode recuar para os R$ 3,65 no quarto trimestre, ante R$ 3,80 esperados anteriormente.