Economia

Ex-ministro da agricultura critica políticas econômicas para o setor

Segundo Allyson Paolinelli, é necessário focar as ações econômicas melhoria da produção de culturas no Brasil

Bruno Santa Rita - Especial para o Correio
postado em 15/03/2019 18:09
Alysson Paolinelli
O presidente da Associação Brasileira de Produtores de Milhos (Abramilho), Alysson Paolinelli, criticou as políticas econômicas adotadas pelo ministro da economia Paulo Guedes para a agropecuária brasileira. Paolinelli, que foi ministro da agricultura, pecuária e abastecimento durante o governo Geisel, afirmou, em entrevista para o Correio, que Guedes ;precisa ouvir mais; Tereza Cristina, atual ministra da agricultura.

;Eu estou muito preocupado com isso. Eu acho que a visão pessoal da área econômica ainda não é muito clara. Eu entendo que esse ministro (Guedes) é muito bom em finanças e fazer o dinheiro render. Agora fazer produzir, não conhece, não;, criticou. Recentemente, Tereza Cristina anunciou parceria com a pasta de economia para trabalhar o Plano Safra 2019/2020. De acordo com ela, o crédito agrícola do antigo plano já acabou. No entanto, o governo teria liberado um novo teto de R$ 6 bilhões destinado a despesas de pré-custeio e custeio.

Paolinelli entende que falta organização na gestão pública. Para que haja uma produção ainda mais intensa, é necessário aumentar a capacidade de competição do agricultor brasileiro, disse o ex-ministro. ;Eu acho que o Brasil já demonstrou ser capaz. Hoje, temos a melhor empresa de pesquisa do mundo que é a Embrapa. Temos o melhor conhecimento em agricultura tropical do mundo. Mas, se não tiver uma gestão inteligente para integrar essas forças, não dá certo;, reforçou. ;Agricultura não é só produzir. Tem que produzir e comercializar bem;, completou.

Ele defendeu que o futuro do Ministério da agricultura, pecuária e abastecimento tem que ser focado no crescimento e aprimoramento, sempre por meio da capacitação e do conhecimento técnico sobre o assunto. Isso se aplica, também, ao uso de agrotóxicos. ;É um debate que precisa ser posto. Temos alternativas. Já existem estudos que mostram como combater as pragas com controle biológico;, explicou. Ele também afirmou que há muita desinformação sobre a prática de agrotóxicos e reforçou que o ideal é utilizar ;biologia para combater biologia;.

Cerrado

O presidente da Abramilho foi um dos responsáveis por trazer desenvolvimento agropecuário para a região do cerrado brasileiro. Antes de ser ministro, ele foi Secretário de Agricultura no governo de Minas Gerais, onde fez importantes projetos para a produção de café. Após isso, já como ministro, ele encorajou a capacitação técnica para maior aproveitamento do bioma cerrado de forma sustentável e responsável com o meio ambiente.

Para Paolinelli, o problema que segura as produção na região centro-oeste é a água. Recentemente, a falta de chuvas atrasaram as produções de 2016 e 2017. ;Muito se sabe sobre a química que funciona no cerrado. O agricultor brasileiro dominou isso. Mas ele esquece que a água é limitante natural;, afirmou. Segundo ele, a solução para este problema está no próprio solo, nos lençóis freáticos. Ele defende a prática de limitar a saíde da água dos rios para os mares com a finalidade de permitir que o solo absorva maior quantidade de água.

;A gente precisa ter um novo conceito sobre como lidar com a água. Temos que proteger as nascentes, ela indica onde está a água, o aquífero;, reforçou. Ele entende que, para um melhor aproveitamento das águas subterrâneas, são necessárias políticas públicas apresentadas pelo governo. Segundo ele, o agricultor é também o maior produtor de água. ;Isso já acontece no mundo. A índia já utiliza esse recurso, os Estados Unidos também;, afirmou.

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