Agência Estado
postado em 18/03/2019 18:06
O dólar fechou em queda de 0,76%, cotado em R$ 3,7914, o menor valor desde 1º de março. Profissionais de câmbio ressaltam que a moeda acompanhou aqui o enfraquecimento do dólar no mercado internacional nesta segunda-feira, 18, em meio às expectativas pela reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), que começa nesta terça (19) e pode reduzir a previsão para as altas de juros nos Estados Unidos. O fluxo de recursos externos na tarde desta segunda-feira, para aplicações na B3, segundo operadores, também ajudou a divisa a cair abaixo do nível de R$ 3,80, patamar que estava se mostrando importante piso para a moeda nos últimos dias.
A reforma da Previdência seguiu no radar das mesas de câmbio e o dia foi cheio de declarações da equipe do governo, que procurou reforçar o empenho do Planalto em avançar com as medidas. O ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, afirmou ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, não ter dúvidas de que a reforma será aprovada ainda no primeiro semestre. Em Washington, o ministro da Economia, Paulo Guedes, declarou que o governo vai se esforçar para apresentar as medidas de alteração das aposentadorias dos militares aos parlamentares nesta quarta-feira (20).
Apesar do noticiário positivo sobre a reforma, não houve fatos novos sobre o tema e a economista-chefe da Reag Investimento, Simone Pasianotto, ressalta que a queda do dólar nesta segunda reflete principalmente o recuo da moeda americana no exterior, em meio às expectativas de que o Fed vai reduzir a previsão de alta dos juros nos EUA. A moeda americana perdeu valor ante divisas de emergentes, como o peso do México (-0,75%), da Colômbia (-0,67%) e o rublo da Rússia (-0,71%). Entre moedas fortes, a libra teve outro dia de queda forte ante o dólar, em meio às indefinições sobre os rumos da saída do Reino Unido da União Europeia, o Brexit. A economista prevê o dólar em R$ 3,75 no final do ano e trabalha com o cenário de que o governo vai conseguir aprovar a reforma da Previdência, com uma economia fiscal entre R$ 600 bilhões a R$ 700 bilhões em 10 anos, menor do que o R$ 1,1 trilhão do projeto de Jair Bolsonaro.
Uma das razões do esperado enfraquecimento do dólar no mercado financeiro internacional é a expectativa que o Fed sinalize menos altas de juros nos EUA pela frente. O economista-chefe do Royal Bank of Canadá (RBC), Tom Porcelli, acredita que as estimativas dos dirigentes do BC americano devem ser reduzidas de duas elevações este ano para uma, em meio a sinais de que a maior economia do mundo vem perdendo fôlego.
Em meio ao noticiário positivo aqui e lá fora, o risco Brasil, medido pelo Credit Default Swap (CDS) de 5 anos, caiu a 153 pontos nesta segunda, ante 155 pontos do fechamento de sexta-feira, e também ajudou a retirar pressão do câmbio. Na parte da tarde, o fluxo de estrangeiros para a bolsa levou o dólar a bater mínimas aqui, para a casa dos R$ 3,78.