Economia

Mercado reduz projeção em torno do crescimento econômico em 2019

Estimativa foi divulgada pelo Boletim Focus, relatório semanal emitido pelo Banco Central (BC)

Gabriel Ponte*
postado em 19/03/2019 19:21
Lucas Pacífico/CB/D.A Press. Mão segura PIB pequenoInstituições financeiras e economistas consultados pelo Boletim Focus, relatório semanal divulgado pelo Banco Central (BC), reduziram novamente as perspectivas em torno do crescimento da economia brasileira em 2019. De acordo com o novo levantamento, a expectativa é de que o Produto Interno Bruto (PIB) doméstico avance, no ano, 2,01%, 0,27 ponto percentual (p.p) abaixo dos cálculos da semana passada. Com isso, é a terceira semana consecutiva na qual o PIB é reduzido.

A divulgação do PIB de 2018, no fim de fevereiro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontando para avanços de 1,1%, frustrou as expectativas do mercado financeiro, que passou a reduzir o crescimento econômico do país em 2019. Já para 2020, a previsão dos economistas é de que o PIB avance 2,80%. Em contrapartida, a estimativa para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2019, considerado o índice oficial para medir a inflação do país, passou de 3,87% para 3,89%.

O resultado, entretanto, continua abaixo do centro da meta estabelecido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) neste ano, que é de 4,25%, com tolerância de 1,5 (p.p) para cima ou para baixo. Enquanto isso, a Taxa Selic, que está no menor patamar histórico, 6,5%, deve continuar a ser mantida neste nível pelo Comitê de Política Monetária (Copom), de acordo com analistas. Por sua vez, o dólar deve encerrar o ano cotado a R$ 3,70.

Já o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-BR), considerado uma prévia do PIB oficial, também foi divulgado nesta segunda-feira (18/03), apontando para um avanço de 0,16% no trimestre até janeiro, quando comparado com os três meses imediatamente anteriores. No entanto, na variação mensal, o IBC-BR recuou 0,41%, em comparação a dezembro passado, na série com ajuste sazonal. O IBC-BR serve como parâmetro para analisar a trajetória da economia brasileira ao longo dos meses.

Para Flávio Serrano, economista da Haitong, as revisões da mediana do crescimento doméstico, neste início de ano, são feitas em decorrência das perspectivas em torno do primeiro trimestre de 2019. "Tem havido uma série de revisões para baixo. O PIB, ao fim do ano, deve ficar em torno de 2%, ganhando tração ao longo dos meses. A gente vem de um processo de aperto monetário recente."

Em 2018, mesmo com Selic estável (6,5%), houve um aperto nas condições financeiras, quando o câmbio subiu e atingiu o patamar dos R$ 4,00, além da instabilidade política na época, por causa das eleições presidenciais. "Nos últimos meses, porém, as coisas melhoraram, com juros de mercado caindo, melhorando questões de crédito", explicou, sinalizando que os próximos trimestres devem apontar para avanços da economia doméstica.

De acordo com Fábio Klein, economista da Tendências Consultoria, a redução consecutiva das projeções acompanha os últimos dados macroeconômicos, como o resultado do quarto trimestre de 2018, quando a economia avançou 0,1%, assim como o próprio PIB de 2018 (1,1%). "Isso só reforça uma visão mais pessimista em torno do ritmo de recuperação, frente às projeções anteriores. O IBC-BR só confirmou isso", sintetizou. Na visão de Klein, que calcula um crescimento do PIB em torno dos 2% neste ano, o principal mote da conjuntura econômica será o avanço das reformas.

"Em linhas gerais, todo mundo tem uma expectativa positiva em torno dos assuntos fiscais. O que varia, entre os cálculos, é a magnitude do impacto fiscal e o momento no qual que se fará o efeito. Além disso, envolve, também, a questão fiscal, na qual o governo é um componente importante e não está contribuindo para isso. Essas reformas são importantes para que as coisas voltem a ter contribuição positiva", disse. Ele estima, com base nas projeções da Tendências, uma economia de R$ 640 bilhões em 10 anos, abaixo da economia prevista pela equipe econômica do governo, de R$ 1,16 trilhão.

* Estagiário sob supervisão de Roberto Fonseca

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