Economia

Zara rende-se ao e-commerce

Rede varejista de moda resistia em aderir às vendas pela internet, mas acabou cedendo para não perder espaço para a concorrência. Além do site, empresa vai colocar no ar aplicativo

Jaqueline Mendes
postado em 19/03/2019 06:00
Até então restrito às lojas físicas, a partir de amanhã, o Brasil torna-se um dos mais de 150 países em que a Zara opera com comércio eletrônico

São Paulo ; Todas as grandes redes varejistas de roupas em operação no país enxergaram, nos últimos anos, a internet como uma potencial ferramenta de aumento das vendas. Foi assim com Riachuelo, C, Marisa e Renner. Mas a espanhola Zara, com 57 lojas em 17 estados, resistia em mergulhar no mundo virtual. Sempre que questionado, o presidente, Pablo Isla, alegava que não queria abrir mão da experiência de vender à moda antiga, com novas coleções nas vitrines e vendedores olho no olho com o cliente. Desistiu. A partir de amanhã, a Zara vai disponibilizar produtos em seu site, com as coleções para os públicos feminino, masculinos, crianças e bebês. De forma integrada às unidades físicas, será possível receber os produtos em casa ou reservá-los para retirada em uma das lojas.

Em paralelo ao site, a rede vai colocar no ar aplicativo da marca para uso em tablets e smartphones Android e iOS. Nas regiões metropolitanas de Belo Horizonte, São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba, as entregas serão feitas em prazo reduzido. Para compras confirmadas até as 15h de dias úteis, os consumidores receberão as mercadorias no dia seguinte. Em São Paulo, haverá a opção de entrega no mesmo dia, com o pagamento de uma taxa adicional. ;As altas taxas de crescimento das concorrentes, que apostaram no e-commerce alguns anos atrás, fizeram com que a Zara revisse sua estratégia de negócios;, disse o economista da Fundação Getulio Vargas (FGV) Jaime de Brito, consultor especializado em varejo. ;A loja on-line pode ser complementar às lojas físicas, sem que isso comprometa a experiência de compra daqueles que gostam de consumir em shoppings;, completa.

Com a decisão, o Brasil se torna um dos mais de 150 países em que a Zara opera com comércio eletrônico. Dos 202 mercados onde a empresa está presente, 47 ainda não contam com a opção de compras on-line. Um representante da Inditex disse que a empresa irá expandir ainda mais a sua oferta on-line, visando ter todas as suas marcas disponíveis virtualmente até 2020, como já havia sido anunciado. Os pagamentos podem ser realizados por meio dos métodos frequentes como PayPal ou com os principais cartões de crédito, segundo a companhia, que apontou que os envios serão feitos desde a plataforma de internet da Espanha e serão recebidos em um prazo de entre três e sete dias, dependendo do destino.


Global


No ano passado, a Inditex, controladora da Zara, anunciou a estreia de sua loja virtual em novos mercados, especialmente na África, incluindo Angola, Costa do Marfim, Senegal e Gana. A loja on-line também começou a funcionar em vários países do Caribe e na Indonésia. No Brasil, a varejista mantinha apenas um catálogo on-line com itens de vestuário e acessórios feminino, masculino e infantil, além da Zara Home, com produtos de cama, mesa, banho e decoração.

Embora tenha registrado um crescimento de 41% em suas vendas digitais em 2017 (último dado disponível), as compras on-line representaram apenas 10% das vendas do grupo Inditex, ficando atrás de algumas concorrentes. ;A partir de quinta-feira, as coleções globais estarão disponíveis em um total de 202 mercados, recebendo suporte da loja integrada e da plataforma on-line;, disse a empresa, em comunicado. Em novembro do ano passado, a Zara chegou a lançar a plataforma zara.com/ww, com foco nos pequenos mercados e nas regiões que não contam com pontos físicos. O objetivo é globalizar as vendas, operando em todo o mundo até 2020 com seu canal on-line.

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