Economia

Ibovespa não sustenta suporte e encerra abaixo dos 100 mil pontos

Pesaram, no dia, as declarações de membros do governo em torno da Previdência dos militares e o encontro entre Trump e Bolsonaro

Gabriel Ponte*
postado em 19/03/2019 19:16
Bolsa de valores, ibovespaEm dia de encontro entre Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, e Jair Bolsonaro, do Brasil, o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (B3), encerrou a sessão de negócios nesta terça-feira (19/3) abaixo dos 100 mil pontos, aos 99.588 pontos, em queda de 0,41%. Também teve destaque, no pregão, o início da reunião do Federal Open Market Committee (Fomc, na sigla em inglês). A expectativa do mercado é que o Federal Reserve (Fed, na sigla em inglês) mantenha os juros básicos da economia estadunidense inalterados no intervalo entre 2,25% e 2,50%.

Já na conjuntura doméstica, o foco está em torno da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que iniciou-se ontem, estendendo-se até quarta-feira. O encontro, o primeiro a contar com a presença de Roberto Campos Neto à frente do comando do Banco Central (BC), também deve manter a taxa Selic mantida em 6,5%, o menor patamar histórico. Ainda no cenário nacional, a expectativa é que o governo envie, ao Congresso, o texto de mudança na Previdência dos militares.

Em Washington, D.C, Bolsonaro e Trump discutiram acerca da possibilidade de ingresso, do Brasil, na Organização de Cooperação para Desenvolvimento Econômico (OCDE), fórum internacional de políticas internacionais, o que incluiria tratativas a serem cumpridas pelo Brasil. O ingresso na OCDE pode atestar, ao país, um "selo de qualidade", o que poderia sinalizar políticas macroeconômicas efetivas, podendo atrair agentes econômicos internacionais.

Previdência em foco

Ivo Chermont, economista-chefe da Quantitas, no entanto, minimiza o encontro entre Trump e Bolsonaro. ;Acho que o mercado esteve prestando mais atenção no imbróglio da Previdência. Isso impactou o humor dos negócios locais. Muitas declarações, acerca da situação dos militares são dadas sem propriedade, mas, ao meu ver, quem realmente tem a prerrogativa e os números para citar é o Rogério Marinho (secretário especial da Previdência e Trabalho);, disse, em alusão às declarações de membros do governo.

Questionado sobre os 100 mil pontos, nível de fechamento da B3, que foi, novamente, postergado, Chermont diz analisar como "simbólico". "Essa marca representa muito mais um número. Ontem, os negócios foram influenciados mais em torno da Previdência. Se tivermos notícias positivas em torno do texto da Previdência dos militares, com uma economia robusta, os 100 mil pontos serão ultrapassados e, naturalmente, sustentados", completou.

Na visão de Pablo Spyer, em um dia tumultuado no mercado, os operadores olharam para o exterior. "As atenções voltaram-se, nos Estados Unidos, fora o encontro entre Bolsonaro e Trump, para o Fed, que, ao meu ver, não deve alterar os juros no momento. Não é o cenário para agora", ponderou. Já no Brasil, a expectativa é de que o Copom, que encerra o seu encontro no fim desta quarta-feira, mantenha a Selic a 6,5%, mas que projete reduções dos juros domésticos para os próximos meses.

"Existe uma ideia, no mercado, de que Campos Neto possui o mindset semelhante ao de Ilan (Goldfajn). Cresce, então, a expectativa de que não terminaremos o ano sem corte de juros;, completou. Segundo Spyer, a política monetária, no entanto, está atrelada à escalada da guerra comercial entre EUA e China, acompanhando, também, os números do desemprego norte-americano e à aprovação da reforma da Previdência, no Congresso, com uma economia significativa aos cofres públicos.

*Estagiário sob supervisão de Humberto Rezende

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