Economia

Consumidores opinam sobre mantimento da taxa Selic em 6,5%

Taxa serve de referência para os demais juros da economia

Gabriela Tunes*
postado em 21/03/2019 20:29
Para o administrador, Ricardo Fernandes, pagamentos em cartão de crédito e empréstimos não valem a pena
A taxa básica de juros (Selic) está no nível mais baixo da história do Brasil, em 6,5% ao ano. Essa taxa serve como referência para os demais juros da economia e sua redução tende a diminuir os custos do crédito e incentivar o consumo. Porém, atualmente, comprar a prazo ou fazer grandes empréstimos ainda custa bem caro aos consumidores.

Ricardo Fernandes, 64, administrador, sempre achou os juros altos. Para ele, pagamentos em cartão de crédito e empréstimos não valem a pena. ;É tudo uma armadilha. Carro, por exemplo, começa com juros zero, você pega o valor da prestação, multiplica pela quantidade e dá mais do que falam que é;, criticou. Ricardo já obteve juros por conta de cartão de crédito, então hoje evita usá-lo. A única compra que ele efetua com cartão são viagens. ;Viagem eu pago no cartão, mas com ele em dia, sem juros e sem parcelamento;, completou.

Segundo o economista Flávio Serrano, esses juros ocorrem devido a problemas estruturais, como alta carga tributária e falta de segurança jurídica para empréstimos, e conjunturais, como desemprego. ;O desemprego elevado obriga os bancos terem uma maior garantia, que seria o aumento dos juros aos consumidores;, explicou. Como solução Serrano destaca que é preciso haver uma reforma tributária e um aumento da segurança jurídica no Brasil. ; A expectativa de melhoria econômica vai ajudar a reduzir a taxa de juros para pessoa física;, completou.
A recepcionista Clara Rabelo já teve problemas com dívidas de cartão de crédito
A recepcionista Clara Rabelo, 20, já teve problemas com dívidas vindas de cartão de crédito e hoje prefere pagar suas contas à vista. ;Os juros estão altos demais. Prefiro juntar o dinheiro e pagar a vista, que sai bem mais barato;, disse. Clara pensa em comprar um carro, mas vê a desvantagem no parcelamento dele. ;A influência dos juros em parcelamento de um automóvel é muito forte. Um carro que vale R$15 mil, no final acaba saindo por R$30 mil;, analisou.

De acordo com o educador financeiro Jônatas Bueno, nunca é interessante o consumidor adquirir mercadorias por empréstimos ou financiamentos. Segundo ele, as taxas de juros no Brasil conseguem ser mais altas do que em outros países, o que prejudica e pune o consumidor. ;A Selic, mesmo baixa, ainda é muito mais alta do que em outros países, então em qualquer empréstimo o consumidor já terá uma taxa de juros maior do que outros países já desenvolvidos;, explicou.

Dessa forma, é preciso fazer um orçamento organizado para pagar tudo à vista. ;Evite gastos desnecessários e mude atitudes em relação a gastos que podem ser ajustados;, disse. Além disso, é de extrema importância entender quais são os objetivos para os gastos. ;É preciso fazer um diagnóstico financeiro e começar a poupar;, completou.

Andreia Silva, professora, 42, há muitos anos só faz compras à vista. Como reflexo da atitude, há muito tempo Andreia não possui dívidas. ;Pago tudo à vista para correr dos juros que estão absurdos. me programo para juntar dinheiro e depois comprar o que eu quero;, explicou. Além de evitar dívidas, a professora vê como vantagem o ganho de descontos. ;Esse ano comprei uma geladeira à vista e ganhei quase R$400 reais de desconto;, exemplificou.

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