Agência Estado
postado em 21/03/2019 10:29
Os juros futuros sobem na manhã desta quinta-feira, 21, mostrando a reação negativa do investidor à reforma da previdência dos militares, ao placar do jornal O Estado de S. Paulo com votos ainda bem aquém do necessário para aprovação da proposta geral da Previdência e à queda da popularidade do governo de Jair Bolsonaro.
Segundo o gestor independente Paulo Petrassi, com o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) mais dovish (mais leve) e o comunicado do Copom que avaliou como positivo, as taxas mais curtas poderiam ter algum alívio. "Mas a previdência dos militares está pegando em toda a curva. O comunicado do Copom foi bom, mas o ambiente político piorou muito. Acho que é hora de dar uma zerada na Bolsa e diminuir posições em pré-fixados, em NTN-Bs", avalia.
Ontem, a taxa Selic foi mantida em 6,50 pelo Copom assim como os juros dos Fed Funds permaneceram inalterados na faixa de 2,25% a 2,50%. As sinalizações também são de taxas estáveis por um bom tempo em razão da desaceleração da economia brasileira e americana.
Sobre a Previdência dos militares, o impacto líquido de R$ 10,45 bilhões é pequeno, ante uma economia total pretendia pela equipe econômica com a Nova Previdência (incluindo servidores públicos e trabalhadores da iniciativa privada) de, ao menos, R$ 1 trilhão.
Os deputados reagiram mal à proposta, que atrelou a discussão da previdência dos militares à reestruturação das carreiras das Forças Armadas. Até mesmo entre os parlamentares da base, há uma impressão de que a reestruturação dá um recado errado à sociedade.
Para o delegado Waldir (PSL-GO), líder do partido do presidente na Casa, é necessário analisar com cuidado a medida.
Para lideranças ouvidas pelo jornal O Estado de S. Paulo, o caminho da Previdência, que era considerado "complicado", ficou "muito difícil". Até entre membros governistas da Comissão de Constituição de Justiça (CCJ), onde o Planalto via uma votação tranquila, acham que a proposta pode encontrar barreiras.
Os resultados da pesquisa Ibope mostram também que Jair Bolsonaro tem o pior desempenho de um presidente em primeiro mandato desde o primeiro governo de Fernando Henrique Cardoso. Além disso, o leilão de venda de LTN, NTN-F e LFT (11h00) também tende a pressionar as taxas mais longas para cima.
De acordo com o levantamento Ibope, 34% dos brasileiros considera boa ou ótima a atual gestão, contra 39% em fevereiro. Em relação ao levantamento de janeiro, a popularidade caiu 15 pontos porcentuais (49% para 34%). De acordo com Ibope, em fevereiro, a fração dos brasileiros que considera a gestão ruim ou péssima passou de 19% para 24%
Já levantamento feito pelo jornal mostra que o governo tem hoje pelo menos 180 votos na Câmara pela aprovação da reforma da Previdência, desde que sejam feitas mudanças no texto apresentado ao Congresso no mês passado.
Da forma como a proposta está hoje, apenas 61 deputados votariam a favor, sem propor mudanças - a maioria deles (28) vem do PSL de Jair Bolsonaro e outros quatro, do DEM do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (RJ). A reforma da Previdência precisa de 308 votos na Câmara e de 49 no Senado, em dois turnos de votação em cada Casa. Foram contatados 501 dos 513 deputados. Desses, 228 não declararam o voto.
Às 9h52, o DI para janeiro de 2020 marcava 6,335%, após máxima em 6,35%, de 6,325% no ajuste de ontem. O DI para janeiro de 2021 desacelerava para 6,82%, ante máxima em 6,87%, de 6,85%, enquanto o vencimento para janeiro de 2023 estava em 7,87%, ante máxima em 7,93%, de 7,86% no ajuste anterior. Já o DI para janeiro de 2025 estava em 8,43%, após máxima em 8,48%, de 8,39% no ajuste de ontem.